Na agressão israelita a Gaza, a UE condena… os agredidos
O Serviço de Acção Externa da União Europeia, encabeçado por Federica Mogherini, publicou um comunicado sobre a recente «escalada de incidentes militares» em Gaza que é um consumado exercício de mentira e enviesamento a favor de Israel.
Publicado no passado dia 19 de Fevereiro pelo porta-voz do Serviço de Acção Externa, o comunicado afirma que a escalada é «em resposta a um ataque à bomba … que feriu quatro soldados israelitas», considera «inaceitáveis» os ataques de rockets efectuados a partir de Gaza e diz que os «grupos terroristas» de Gaza devem ser desarmados.
O Serviço de Acção Externa da União Europeia diz desejar uma «solução política para Gaza, no quadro da perspectiva de uma solução de dois Estados». Louváveis e piedosos votos! Mas nem uma palavra para contextualizar o acontecido, para dizer que a Faixa de Gaza é um território ilegalmente ocupado por Israel desde 1967 e sujeito há mais de dez anos a um cerco desumano, condenando dois milhões de palestinos a viver uma terrível catástrofe humanitária. E nem uma palavra também sobre os disparos de tanques e os dezoito ataques efectuados por aviões F16 israelitas. É como se Israel fosse a vítima indefesa da agressão e não a primeira potência militar do Médio Oriente, que há mais de cinquenta anos oprime com bota de ferro os territórios palestinos ocupados.
A própria descrição do incidente da bomba é enviesada. Os soldados israelitas não foram «atacados»; a bomba encontrava-se no interior da Faixa de Gaza, e foi aí que ficaram feridos os soldados do exército de ocupação.
Equiparando agressor e agredido, o Serviço de Acção Externa da UE deseja «rápido restabelecimento» aos soldados israelitas na mesma frase em que, com obscena hipocrisia, deseja também o rápido restabelecimento dos «palestinos feridos em Khan Yunis». Abstém-se, porém, de referir que os ferimentos dos palestinos foram causados pelos ataques dos aviões israelitas. O Serviço de Acção Externa da UE considera a morte de dois adolescentes palestinos «deplorável». Fraco qualificativo para um brutal acto de vingança de que foram vítimas dois rapazes desarmados de 15 e 17 anos, que eram perfeitamente visíveis com os binóculos de visão nocturna das forças israelitas, que não representavam qualquer perigo e que foram mortos por estilhaços de obuses disparados por tanques israelitas a 50 metros de distância.
Repugnante.
Quarta, 21 Fevereiro, 2018 - 00:00