Muhi al-Din Najm é o 66º preso palestino morto nos cárceres de Israel desde Outubro de 2023
Organizações de defesa dos presos palestinos anunciaram hoje, domingo, a morte de Muhi al-Din Najm, de 60 anos, que estava em detenção administrativa – sem acusação nem julgamento – desde Outubro de 2023. Este falecimento eleva para 66 o número de presos palestinos mortos desde o início do genocídio na Faixa de Gaza, em 7 de Outubro de 2023. Eleva também para 303 o número total de mortes de presos políticos palestinos cujas identidades foram confirmadas desde 1967.
Muhi Najm, natural de Jenin, era casado e pai de seis filhos. Passou 19 anos nas prisões de Israel na sequência de múltiplas detenções. Embora sofresse de problemas crónicos de saúde, foi-lhe negado tratamento. Uma visita efectuada por representantes legais em 10 de Março à prisão de Negev revelou uma grave deterioração do seu estado de saúde.
Para a organização de direitos humanos Addameer, que divulga a notícia, a morte de Najm ocorre num contexto de condições de detenção duras e desumanas e de negligência médica deliberada, que se agravaram significativamente desde a campanha de genocídio em curso.
Estão actualmente detidos nas prisões de Israel 9900 palestinos, dos quais 400 são menores e 27 são mulheres. Há 3498 em regime de detenção administrativa, o iníquo sistema herdado do mandato britânico que priva os detidos dos seus direitos básicos de defesa.
Os reclusos da prisão de Gilboa são vítimas de uma escalada de brutalidade e de repetidas rusgas
Numa nota hoje divulgada, a Comissão para os Assuntos dos Detidos denuncia que as condições no interior da prisão israelita de Gilboa se tornaram cada vez mais desumanas. A administração da prisão tem vindo a intensificar a repressão contra os detidos, invadindo regularmente as suas celas, espancando-os selvaticamente e sujeitando-os a agressões violentas. Numerosos reclusos sofreram ferimentos graves, incluindo fracturas de costelas, problemas de visão e de audição e dores abdominais graves resultantes de golpes repetidos na cabeça, nos olhos e no abdómen. Num dos assaltos as unidades especiais fizeram-se acompanhar de ferozes cães-polícia que atacaram os reclusos e os deixaram com feridas profundas e lacerações.
A Comissão revelou ainda que a sarna está a espalhar-se rapidamente entre a população prisional, mas não está a ser prestado qualquer tratamento médico. Alguns reclusos sofrem de infecções cutâneas dolorosas e muitos estão a ser ainda mais castigados, sendo-lhes negado o acesso ao pátio da prisão e às actividades recreativas diárias.
A Comissão manifesta particular preocupação relativamente ao estado de saúde de Ibrahim Al-Ramadi, 23 anos, de Sheikh Jarrah, que há muito sofre de enxaquecas crónicas e de um problema cardíaco congénito, mas que não recebeu qualquer tratamento desde a sua detenção.
Um outro detido que causa preocupação é Nasser Ba'ara, de 29 anos, de Nablus, que tem costelas partidas e hematomas extensos por todo o corpo em consequência dos espancamentos de que foi alvo durante a última repressão.
Dirigentes da resistência palestina especialmente visados
Num outro comunicado, o Gabinete de Imprensa dos Prisioneiros confirma um “ataque frenético e horrível” contra os dirigentes da resistência palestina que estarão a ser alvo de um “assassínio lento e sistemático”.
Abdullah Al-Barghouti está detido na prisão de Gilboa. O seu estado de saúde continua a ser “muito crítico”. Relatórios anteriores descrevem espancamentos graves (que provocaram ferimentos extensos, perda de sangue, costelas partidas), tortura com cães e produtos químicos, humilhação extrema, comas repetidos e negação das necessidades básicas de higiene e alimentação.
Mohammed Jamal Al-Natsheh, que se crê estar detido no Hospital da Prisão de Ramla, está em estado crítico após tortura, sofrendo de hemorragia cerebral, insuficiência renal e coma. As visitas dos advogados têm sido recusadas, e não têm sido prestados cuidados adequados.
Hassan Salameh está na prisão de Megiddo onde é sujeito a tortura sistemática em colocado em isolamento prolongado. Sofre espancamentos frequentes (6 ataques em 2 meses), perda de peso acentuada devido à fome, causando perda de dentes e de visão, dores de cabeça constantes e recusa de cuidados médicos.
Abbas Al-Sayed está em isolamento na prisão de Ramon. Tem problemas oculares e cutâneos e inanição sistemática. Está numa cela insalubre, é vítima de espancamentos repetidos e é-lhe negada assistência jurídica ou médica desde 7 de Outubro.
Muammar Shahrour, de Tulkarem, está detido há mais de um ano e quatro meses e está actualmente na prisão de isolamento de Megiddo. É sujeito a tortura diária, incluindo espancamentos graves (mais de 6 agressões directas numa semana, visando a sua cabeça), fome deliberada e recusa de tratamento para o seu reumatismo desde há um mês, o que agrava as suas dores e o seu estado.