MPPM subscreve apelo «9 de Novembro — Dia de Acção Global: Um Mundo sem Muros»

Do Muro do Apartheid de Israel em terra palestina até ao Muro da Vergonha dos EUA em terra indígena na fronteira com o México — quase 70 muros em todos os continentes dilaceram hoje a vida e as terras dos povos, porque fortificam fronteiras ou limites de controlo estatal frequentemente definidos de forma unilateral. Eles causam milhares de mortes por ano e destroem meios de vida e a esperança de muitas mais pessoas. São monumentos de expulsão, exclusão, opressão, discriminação e exploração.

Há 15 anos Israel começou a construir um muro, que chega aos 8 metros de altura e tem mais de 700 km de comprimento, em terra palestina ocupada como parte integrante da sua política de confiscação de mais de 60% da Margem Ocidental e de aprisionamento do povo palestino em não mais de 13% do seu território histórico. Isto vem somar-se ao muro que cerca e isola completamente a Faixa de Gaza desde 1994. Os palestinos nunca deixaram de resistir a estes muros ilegais e à contínua expulsão do seu povo da sua terra, e em 2003 apelaram a que se assinalasse o dia 9 de Novembro — o dia em que caiu o muro de Berlim — como Dia Internacional contra o Muro israelita do Apartheid.

Hoje é tempo de nos unirmos contra a proliferação global de muros — apelamos a assinalar o dia 9 de Novembro como Dia de Acção Global por um Mundo Sem Muros.

Israel tem desempenhado um papel central na promoção desta nova era global de muros, e os Estados Unidos demonstraram-lhe o seu apoio: da Índia à Arábia Saudita, à Turquia, ao Sara Ocidental e à Europa, o número de muros concebidos para definir e fechar fronteiras com o uso da força quase triplicou nas últimas duas décadas. Esses muros impedem o direito à liberdade de circulação e à autodeterminação. Tornaram-se pedras angulares de um mundo em que as guerras, a militarização e a exclusão substituam a justiça, a liberdade e a igualdade.

Os muros não se ergueram somente para fortificar as fronteiras do controlo estatal mas também para demarcar as fronteiras entre os ricos, os poderosos, os socialmente aceitáveis e os «outros». Eles dominam de forma crescente as nossas cidades e sociedades. Dezenas de milhares de pessoas permanecem encerradas atrás dos muros de prisões como presos de consciência ou sob condições ilegais e desumanas. Muros visíveis e invisíveis, como no caso do bloqueio a Cuba, visam impedir-nos de alcançar a justiça económica, política, social e ambiental.

Onde não promovem directamente a existência desses muros, os governos toleram de facto a sua existência, enquanto uma verdadeira indústria dos muros se aproveita de tudo isto. Vendendo a sua ideologia, metodologia e tecnologia, grandes empresas reúnem-se em feiras de venda de armas, licitações e seminários para obter lucros com a construção destes muros.

Nós, como pessoas afectadas por estes muros e como movimentos que apresentam a justiça, a liberdade e a igualdade como as nossas ferramentas para resolver os problemas deste planeta, juntamo-nos ao apelo do dia 9 de Novembro como Dia de Acção Global por um Mundo Sem Muros.

Vamos unir-nos na mobilização para:

Aumentar a consciência acerca do efeito devastador da crescente dominação dos muros no nosso mundo e nas nossas vidas;

Criar solidariedade e laços entre as pessoas afectadas pelos muros e os movimentos que lutam contra os muros;

Exigir o fim imediato dos muros que expulsam, excluem, oprimem, discriminam e exploram;

Resistir e impedir que sejam financiados aqueles que lucram com os muros.