MPPM saúda cessar-fogo em Gaza e vitória do povo palestino

1.  O MPPM saúda o cessar-fogo incondicional em Gaza que entrou em vigor nesta sexta-feira, 21 de Maio, e que põe fim a 11 dias de bárbaros e intoleráveis bombardeamentos, nos quais Israel causou a morte a quase 250 palestinos, entre os quais 65 crianças, e provocou ferimentos em cerca de dois milhares, além de provocar uma devastação generalizada num território já de si empobrecido.

2. O MPPM considera que o cessar-fogo é uma vitória da resistência heróica de todo o povo palestino, em Gaza, em Jerusalém Oriental, na Cisjordânia, na diáspora, mas também entre os que têm a cidadania israelita.

A unidade de todos os palestinos em torno da sua causa nacional, que se evidenciou nestes dias, é um bem precioso e é a chave para alcançar avanços futuros.
A resistência nacional do povo palestino durante estes dias não apenas confirmou o seu direito histórico e jurídico à criação da sua Pátria em solo palestino como representou um enorme passo em frente no sentido de voltar a colocar a questão palestina na ordem do dia no plano internacional.

3. O cessar-fogo põe fim aos bombardeamentos de Gaza, mas não põe fim à questão de fundo que esteve na origem desta mais recente explosão de violência: a ocupação israelita e a negação do direito do povo palestino a um Estado soberano e independente.

O cessar-fogo não põe fim ao cerco a Gaza, hoje mais destruída e necessitada.

O cessar-fogo não põe fim aos ilegais colonatos israelitas em território palestino ocupado.

O cessar-fogo não põe fim ao Muro do Apartheid que retalha a Cisjordânia.

O cessar-fogo não põe fim à repressão israelita na Esplanada das Mesquitas como ainda nesta sexta-feira voltou a acontecer.

O cessar-fogo não põe fim à ameaça permanente de limpeza étnica dos palestinos do seu território histórico.

O cessar-fogo não põe fim aos milhares de presos políticos palestinos nas cadeias de Israel.

O cessar-fogo não põe fim à segregação e múltiplas discriminações a que são sujeitos os palestinos dentro das fronteiras de Israel de 1949.

O cessar-fogo não põe fim à inexistência de um processo político que conduza à concretização dos direitos inalienáveis do povo palestino.

4. O MPPM saúda as magníficas expressões de solidariedade popular com o povo palestino em todo o mundo.

O MPPM saúda especialmente todos quantos participaram nas manifestações de solidariedade no nosso país, nomeadamente nas grandes concentrações da passada segunda-feira, 17 de Maio, em Lisboa, Porto e Évora, que marcaram um momento saliente da solidariedade com a Palestina em Portugal.

5. O MPPM considera inadmissível que o governo português tenha ignorado as ameaças de expulsão das suas casas sobre a população palestina no bairro de Sheik Jarrah;

Que tenha ignorado as barreiras levantadas pelo exército israelita ao acesso à cidade velha de Jerusalém e a brutal repressão que se lhe seguiu;

Que tenha ignorado as perseguições aos palestinos dentro das fronteiras de Israel;

Que tenha ignorado a decisão de Israel de lançar um novo e brutal bombardeamento sobre a população da Faixa de Gaza.

O MPPM considera inadmissível que o governo português tenha decidido fazer um pronunciamento sobre os acontecimentos apenas a partir do início do lançamento de foguetes desde a Faixa de Gaza e exclusivamente para condenar a acção da resistência palestina, invocando um direito de defesa de Israel, direito esse que não reconhece à população palestina sob ocupação.

Seguindo acriticamente a conivência da União Europeia e dos EUA com Israel, o governo português não apenas traiu as suas obrigações constitucionais, como se tornou cúmplice daqueles que, com o seu silêncio eterno face às violações por parte de Israel do Direito Internacional, das inúmeras resoluções da ONU sobre a questão palestina e dos próprios acordos que Israel assinou sobre a questão, perderam hoje qualquer legitimidade para criticar a resistência heróica do povo palestino e se tornaram responsáveis pelas ameaças ao povo palestino e à paz em todo o Médio Oriente.

A parcialidade do governo português compromete a sua credibilidade internacional.

6. É imperativo que haja uma mudança radical, no plano internacional, face a Israel e aos seus crimes, e face às justas e legítimas reivindicações do povo palestino de respeito pelos seus direitos.

Não é admissível que se regresse ao estado de coisas anterior a esta guerra de 2021.

Não é admissível que se continue a calar os crimes de Israel, o seu sistemático desrespeito pelas resoluções da ONU e do Tribunal Internacional de Justiça, pelo Direito Internacional.

Não é admissível que se volte a ignorar que a raiz do problema reside no facto de, há mais de sete décadas, estar por cumprir a promessa da criação de um Estado palestino, com Jerusalém Oriental como capital, e assegurando o direito de regresso dos refugiados.

7. Os acontecimentos dos últimos dias abrem uma nova fase na luta do povo palestino. O MPPM apela ao prosseguimento e intensificação da solidariedade do povo português com a justa causa do povo palestino, de forma a garantir que se concretizem, finalmente, as legítimas aspirações do povo da Palestina à sua liberdade e independência.

Pelo reconhecimento do Estado da Palestina!

Pelo primado do direito internacional!

Pelo fim da impunidade do Estado de Israel!

A Palestina vencerá!

A Direcção Nacional do MPPM

23 de Maio de 2021


Foto: Palestinos festejam cessar-fogo na Esplanada das Mesquitas [Ahmad Gharabli / AFP]

Print Friendly, PDF & Email
Share