MPPM rende homenagem às mulheres palestinas

No Dia Internacional da Mulher o MPPM homenageia as mulheres que, em todo o mundo e em especial na Palestina, lutam pela liberdade, pela justiça, pela igualdade, contra a discriminação.

As mulheres palestinas, que estão presentes em todos os sectores da vida nacional, participam com todos os palestinos, na luta contra a ocupação e a limpeza étnica, pelo direito a viver num país livre, ao mesmo tempo que desenvolvem a sua luta emancipadora pelo reconhecimento dos seus direitos de mulher.

Uma luta árdua, que se confronta diariamente com uma potência ocupante e anexionista que nega os direitos básicos políticos, económicos, sociais, sanitários.

Uma potência ocupante e anexionista que é um Estado teocrático, que desenvolve uma política de apartheid ao reconhecer direitos apenas com base na pertença religiosa, como ficou consagrado na lei básica "Israel, Estado-nação do povo judaico", aprovada pela Knesset em 19 de Julho de 2018.

Uma potência ocupante e anexionista que impede os palestinos de assistirem aos últimos momentos dos seus familiares queridos.

Uma potência ocupante e anexionista que faz com que cada ida à escola seja para os pais um momento de angústia, por não saberem se os filhos regressarão a casa.

O MPPM também presta homenagem às mulheres detidas nas prisões de Israel e a todos os prisioneiros políticos que padecem longos anos nas masmorras do regime sionista, muitas vezes sem culpa formada, pagando com a sua liberdade e tantas vezes com o sacrifício da própria vida, a entrega à causa da libertação do povo.palestino.

A violência contra as mulheres que se batem pela liberdade da Palestina é feroz.

Dos cerca de 4500 presos políticos palestinos nas prisões de Israel, 140 são menores e 37 são mulheres.

É o caso, por exemplo, de Khalida Jarrar, deputada, membro de Addameer (uma associação para a defesa dos presos políticos palestinos), condenada por um tribunal militar a 24 meses de prisão.

É o caso de Khitam Al-Saafin, presidente da União das Comissões de Mulheres Palestinas, em detenção administrativa desde 2 de Novembro de 2020.

É o caso de Fadwa Hamadeh, em isolamento durante mais de 100 dias por ter defendido uma prisioneira agredida por uma guarda israelita.

É o caso de Israa Ja’abees, gravemente queimada durante a sua encarceração, condenada a 11 anos de prisão, e a quem são recusados os cuidados sanitários para se tratar.

É, ainda, o caso de Mays Abu Gosh, estudante, militante pela libertação dos prisioneiros políticos, torturada, presa durante 15 meses.

Não é o caso de Razan Al-Najjar, socorrista em Gaza. Não está na prisão: foi morta por um franco-atirador israelita ao socorrer um ferido durante as Marchas do Retorno.

O MPPM presta, também, homenagem a todos os indivíduos e organizações, nomeadamente movimentos de mulheres, que, na Palestina, em Israel, em Portugal e por todo o mundo, desenvolvem uma solidariedade activa para com o povo palestino e têm denunciado as violações e crimes de Israel, permitido criar condições para que este venha a ser devidamente justiçado.

Como forma de homenagem às mulheres palestinas, apresentamos o poema Quero contar ao mundo uma história, de uma delas, Nahida Izzat, forçada a sair de Jerusalém, onde tinha nascido, em 1967, com apenas sete anos. Nahida é membro de Palestinian Mothers, uma das organizações que faz ouvir a voz de um povo oprimido mas resistente.

Quero contar ao mundo uma história (*)

Quero contar ao mundo uma história
sobre uma casa com uma lanterna partida
e uma boneca queimada.
Sobre um piquenique que ninguém desfrutou.
Sobre um machado que matou uma tulipa.
Uma história sobre um fogo que queimou uma trança.

Uma história sobre uma lágrima que não pôde ser derramada.
Quero contar uma história sobre uma cabra que não pôde ser ordenhada.
Sobre uma massa que não foi ao forno.
Sobre um casamento que não foi celebrado
e uma bebé que não pôde crescer.
Sobre uma bola de futebol que não foi pontapeada.
Sobre uma pomba que não voou.

Quero contar uma história sobre uma chave que não foi usada.
Sobre uma sala de aula que ficou vazia.
Sobre um recreio que foi silenciado.
Sobre um livro que não foi lido.

Sobre uma quinta que foi cercada
e sobre a fruta que não foi apanhada.
Sobre uma mentira que não foi descoberta.
Uma história sobre uma igreja onde já não se reza
e uma mesquita que já não está de pé.
Sobre uma cultura que já não se regozija.

Quero contar uma história sobre um telhado barrento e coberto de erva.
Sobre uma pedra que fez frente a um tanque.
E sobre uma bandeira teimosa que se recusa a ser arriada.
Sobre um espírito que não pode ser derrotado.

Pelo reconhecimento do Estado da Palestina!
Pelo primado do direito internacional!
Pelo fim da impunidade do Estado de Israel!

8 de Março de 2021
A Direcção Nacional do MPPM


(*) Poema de Nahida IZZAT, traduzido por Luz Ófona e recolhido em http://www.tlaxcala.es/pp.asp?reference=9692&lg=po

Imagem: Sliman Mansour, A Revolução Foi o Princípio, 2016, óleo sobre tela

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