MPPM reclama que Portugal vote favoravelmente classificação de Hebron como Património Mundial
O Comité do Património Mundial da UNESCO, de que Portugal faz parte, é chamado a pronunciar-se, durante a sua reunião a decorrer em Cracóvia (2-12 de Julho), sobre um pedido de inscrição da Cidade Velha de Hebron na Lista do Património Mundial e do Património Mundial em Perigo, apresentada pela Delegação Permanente da Palestina.
Hebron, cidade palestina localizada no Sul da Margem Ocidental ocupada por Israel desde 1967, é uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo. A sua Cidade Velha é local de peregrinação das três religiões monoteístas e constitui um notável conjunto arquitectónico, com destaque para a Mesquita de Ibrahim e o Túmulo dos Profetas.
Em 1996 a Autoridade Palestina criou o Comité de Reabilitação de Hebron, cujo trabalho de conservação e reabilitação foi reconhecido até pela atribuição do prestigioso Prémio Aga Khan de Arquitectura.
Considerando que o sítio reúne as condições para ser incluído na Lista do Património Mundial da UNESCO, as autoridades palestinas apresentaram em 2012 a sua candidatura. Porém, os contínuos actos de vandalismo, danificação do local e outros atentados, documentados nomeadamente por relatórios da UN-OCHA (United Nations Office for the Coordination of Humanitarian Affairs), levaram as autoridades palestinas a requerer a passagem do pedido de classificação para um processo de emergência, que se justifica tanto mais quanto persiste a ocupação, e nomeadamente a presença de cerca de 800 colonos israelitas no coração da cidade, protegidos por forças militares israelitas e por todo um sistema de restrições e checkpoints impostos aos 300.000 habitantes palestinos.
Acresce ao rol de violações, e directamente ligado ao assunto em causa, o facto de Israel ter expressamente impedido uma visita de campo a Hebron de uma equipa de avaliação do ICOMOS (Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios), através da negação de vistos de entrada em Israel.
O MPPM exorta as autoridades portuguesas a pronunciarem-se favoravelmente, através do seu embaixador na UNESCO, ao pedido de classificação apresentado pela Palestina. Só deste modo Portugal contribuirá para evitar a destruição de um património de inegável valor histórico e cultural e recusará pactuar com as manobras da potência ocupante, Israel, país que viola sistematicamente, desde há décadas, sucessivas resoluções da ONU e cuja persistente ocupação tem posto continuadamente em risco este e outros sítios históricos da Palestina.
Lisboa, 4 de Julho de 2017
A Direcção Nacional do MPPM