MPPM denuncia cooperação entre Portugal e Israel na área da saúde

Hospital Al Shifa na Cidade de Gaza, em 2 de Abril de 2024, após duas semanas de ataque israelita (Reuters / Dawoud Abu Alkas)

O MPPM tomou conhecimento de que estará a ser preparada uma reunião entre os ministérios da Saúde de Portugal e de Israel para discutir potenciais áreas de interesse para cooperação futura entre os dois países.

A reunião estará agendada para o início do próximo mês de Setembro e esta informação, a confirmar-se, para mais num momento em que Israel leva a cabo um genocídio contra o povo palestino, particularmente na Faixa de Gaza, não pode deixar de causar indignação.

O MPPM faz notar que a Organização Mundial de Saúde (OMS), no seu mais recente relatório [1] sobre a situação na Palestina, referente ao período de 7 de Outubro de 2023 a 22 de Julho de 2024, regista, como consequência da agressão militar israelita na Faixa de Gaza:

  • 39.090 mortos, 90.147 feridos e 10.000 palestinos desaparecidos;
  • 492 ataques a unidades de saúde que causaram, entre o pessoal de saúde, 747 mortos, 969 feridos e 128 detidos;
  • 109 unidades de saúde, das quais 32 hospitais, afectadas e 62 ambulâncias danificadas;
  • 20 hospitais e 59 unidades de cuidados de saúde primários destruídos;
  • 1.821.739 casos de doenças contagiosas.

No mesmo período, no que se refere à Cisjordânia e a Jerusalém Oriental, a OMS regista:

  • 578 mortos e 5537 feridos palestinos;
  • 512 ataques a unidades de saúde, que causaram 23 mortos e 98 feridos;
  • 58 unidades de saúde, entre as quais 20 clínicas móveis, bem como 350 ambulâncias, foram afectados.

Os ataques a unidades e pessoal de saúde, ao cercearem a capacidade de socorro e tratamento dos doentes e feridos, são uma arma utilizada por Israel para ampliar os efeitos dos seus, já de si letais, ataques.

Em artigo recentemente publicado na prestigiada revista médica The Lancet, estima-se que o número de mortes, directas e indirectas, causadas pelo presente conflito na Faixa de Gaza, ainda que cessasse hoje, pode ascender a 186.000 devido, nomeadamente, à proliferação de doenças, à fome, à sede e à falta de abrigo.

Causa horror e repulsa a ideia de que é junto dos responsáveis por esta catástrofe humanitária que o Ministério da Saúde português procura oportunidades de cooperação futura.

Por isso, em nome do mais elementar sentido de humanidade, o MPPM exige que o Ministério da Saúde se abstenha do estabelecimento de relações institucionais com entidades de Israel enquanto persistir a prática, por este país, das acções criminosas em que está envolvido na Palestina e da sua sistemática violação do direito internacional e do direito humanitário internacional.

31 de Julho de 2024

A Direcção Nacional do MPPM


[1] https://www.emro.who.int/images/stories/Sitrep_-_issue_37b.pdf?ua=1
[2] https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(24)01169-3/fulltext


Foto: Hospital Al Shifa na Cidade de Gaza, em 2 de Abril de 2024, após duas semanas de ataque israelita (Reuters / Dawoud Abu Alkas)

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