MPPM condena a participação do primeiro-ministro de Portugal em conferência patrocinada por indústria do armamento cúmplice do genocídio do povo palestino

COMUNICADO 13/2025

Está anunciada para hoje, dia 14 de Julho, a realização de uma conferência promovida pela SIC Notícias e patrocinada por empresas de armamento, nacionais e internacionais, entre elas a Lockheed Martin, subordinada ao tema “a nova defesa” e para a qual está anunciada a participação do Primeiro-Ministro, Luís Montenegro.

É, desde logo, altamente preocupante a associação de empresas de comunicação social a empresas de armamento na promoção e vulgarização da ideia de inevitabilidade da guerra. Que o grupo de comunicação em causa tenha escolhido como um dos seus patrocinadores a empresa estado-unidense Lockheed Martin, e que o Primeiro-Ministro participe em tal evento, isso reveste-se de uma extrema gravidade e configura um acto objectivo de cumplicidade com os crimes de guerra, crimes contra a humanidade e o crime de genocídio praticados por Israel.

No relatório que a relatora especial das Nações Unidas para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, apresentou à 59ª sessão Conselho dos Direitos Humanos, recordam-se os pareceres consultivos e as medidas provisórias decretadas pelo Tribunal Internacional de Justiça, s resoluções da ONU e as determinações do Tribunal Penal Internacional. Especificamente, o parecer consultivo do TIJ, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, impõe uma responsabilidade prima facie às entidades empresariais de não se envolverem e/ou de se retirarem totalmente e incondicionalmente de quaisquer relações com qualquer componente da ocupação israelita da Palestina. As entidades corporativas e os seus executivos podem (e devem) ser demandados criminalmente pelo incumprimento dessa determinação.

A Lockheed Martin, uma das principais empresas armamentistas do mundo, está profundamente envolvida no fornecimento a Israel de material de guerra utilizado pelo Estado sionista, tanto no genocídio em curso na Faixa de Gaza, em que já foram mortas perto de 60.000 pessoas, na sua larga maioria crianças e mulheres, como na sua política agressiva contra países do Médio Oriente, como recentemente na agressão ao Irão. Tal foi novamente realçado e abundantemente documentado no supracitado relatório da relatora especial das Nações Unidas para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese. Nem a dita empresa faz qualquer segredo dessa associação, antes a promove com marca de prestígio.

O MPPM condena resolutamente a realização deste evento e, em especial, a participação do primeiro-ministro num evento patrocinado por uma empresa tão profundamente envolvida nos crimes cometidos contra o povo palestino. E isto tanto mais quanto este mesmo governo continua a recusar, sob pretextos fúteis e inaceitáveis, o reconhecimento do Estado da Palestina.

A participação do primeiro-ministro nesta conferência, com tal patrocinador, envergonha Portugal e adensa preocupações quanto ao envolvimento eventual de Portugal em negócios que, de forma directa ou indirecta, comprometam Portugal com os crimes de Israel.

O MPPM reclama mais uma vez do Governo o reconhecimento sem mais delongas do Estado da Palestina; reclama a suspensão de toda a colaboração no domínio militar e de segurança entre Portugal e Israel; reclama a suspensão do acordo de associação UE-Israel.

O MPPM continuará a afirmar a sua solidariedade de sempre com o povo palestino na sua luta para ver reconhecidos os seus direitos nacionais, com a criação de um Estado da Palestina livre e soberano, com as fronteiras anteriores a 1967, tendo Jerusalém-Leste por capital, e com o regresso dos refugiados, conforme as pertinentes resoluções da ONU.

14 de Julho de 2025

A Direcção Nacional do MPPM


MPPM condemns the participation of the Prime Minister of Portugal in a conference sponsored by the arms industry complicit in the genocide of the Palestinian people

A conference promoted by SIC Notícias and sponsored by national and international arms companies, including Lockheed Martin, is scheduled to take place today, July 14, under the theme “the new defense,” with Prime Minister Luís Montenegro announced as a participant.

The association of media companies with arms companies in promoting and popularizing the idea of the inevitability of war is, of course, highly concerning. The fact that the media group in question has chosen the US company Lockheed Martin as one of its sponsors, and that the Prime Minister is participating in such an event, is extremely serious and constitutes an objective act of complicity with the war crimes, crimes against humanity, and genocide committed by Israel.

In the report that the United Nations Special Rapporteur for the Occupied Palestinian Territories, Francesca Albanese, presented to the 59th session of the Human Rights Council, the advisory opinions and provisional measures issued by the International Court of Justice, the UN resolutions, and the determinations of the International Criminal Court are recalled. Specifically, the ICJ advisory opinion, approved by the United Nations General Assembly, imposes a prima facie responsibility on business entities not to engage in and/or to withdraw completely and unconditionally from any relations with any component of the Israeli occupation of Palestine. Corporate entities and their executives can (and should) be criminally prosecuted for non-compliance with this ruling.

Lockheed Martin, one of the world's leading arms companies, is deeply involved in supplying Israel with war material used by the Zionist state, both in the ongoing genocide in the Gaza Strip, where nearly 60,000 people have been killed, the vast majority of them children and women, and in its aggressive policy against Middle Eastern countries, such as the recent aggression against Iran. This was once again highlighted and abundantly documented in the aforementioned report by the United Nations Special Rapporteur for the Occupied Palestinian Territories, Francesca Albanese. Nor does the company make any secret of this association, but rather promotes it as a mark of prestige.

The MPPM strongly condemns the holding of this event and, in particular, the Prime Minister's participation in an event sponsored by a company so deeply involved in crimes committed against the Palestinian people. This is all the more so as this same government continues to refuse, under futile and unacceptable pretexts, to recognize the State of Palestine.

The Prime Minister's participation in this conference, with such a sponsor, brings shame on Portugal and raises concerns about Portugal's possible involvement in business deals that, directly or indirectly, compromise Portugal with Israel's crimes.

MPPM once again calls on the government to recognize the State of Palestine without further delay; it calls for the suspension of all military and security cooperation between Portugal and Israel; it calls for the suspension of the EU-Israel Association Agreement.

MPPM will continue to affirm its longstanding solidarity with the Palestinian people in their struggle to see their national rights recognized, with the creation of a free and sovereign State of Palestine, with the pre-1967 borders, with East Jerusalem as its capital, and with the return of refugees, in accordance with the relevant UN resolutions.

July 14, 2025

The National Directorate of the MPPM

Segunda, 14 de Julho de 2025 - 14:17