MPPM condena a nova agressão de Israel contra Gaza
O MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – denuncia e condena de forma veemente a nova escalada agressiva de Israel contra o povo palestino, e em particular contra Gaza.
Dando sequência a movimentações militares e provocações de diversa ordem que se vinham a desenrolar nos últimos dias, o Estado de Israel voltou a bombardear em larga escala a Faixa de Gaza desde a última sexta-feira, 5 de Agosto.
Na manhã de domingo, 7 de Agosto, menos de 48 horas depois do início desta vaga de ataques, o Ministério da Saúde palestino dava conta de 31 mortes, entre as quais as de seis crianças e quatro mulheres. Registavam-se ainda mais de 265 feridos. Entre as muitas instalações civis atingidas pelos bombardeamentos israelitas encontra-se a Universidade Al-Quds, no Norte de Gaza. Também o campo de refugiados de Jabalia foi bombardeado na noite de sábado resultando na morte de várias crianças.
Os dirigentes israelitas já vieram assumir que pretendem prolongar esta nova agressão, pelo menos durante uma semana. Alguns analistas e políticos israelitas têm acusado o primeiro-ministro Lapid (outrora tido como “moderado”) de desencadear a nova vaga de ataques como forma de promoção política, tendo em vista as eleições marcadas para Novembro (as quintas eleições legislativas em 3 anos e meio em Israel).
Não se pode deixar assinalar que a sinistra estratégia de «aparar a erva», ou seja, ataques regulares de Israel à Faixa de Gaza, é agora posta em prática com intervalos cada vez menores.
Os EUA, pela voz de John Kirby (porta-voz do Conselho de Segurança Nacional estadunidense), vieram já expressar o “absoluto e total” apoio a esta agressão israelita. Até ao momento da publicação deste comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português não tinha tomado qualquer posição, nem sequer através dos seus tweets.
De recordar que a cidade e região de Gaza (território onde vivem mais de 2 milhões de pessoas, na sua maioria refugiados oriundos de outras regiões da Palestina, numa área de 365 km2) estão sujeitas a um férreo bloqueio desde 2007, tornando-a na maior prisão a céu aberto do mundo.
Diversas personalidades e organizações internacionais (entre as quais o MPPM) têm vindo a alertar para a crise humanitária de Gaza, para a qual já se torna difícil encontrar palavras e que é ainda criminosamente agravada com sucessivas campanhas de bombardeamentos, como aquela a que agora assistimos. A título de exemplo, nos dias que antecederam estes novos bombardeamentos, o fornecimento de electricidade em Gaza estava limitado a entre 5 e 8 horas diárias. Com estes ataques e as medidas punitivas associadas, as condições de vida tornam-se ainda mais penosas.
O MPPM denuncia, mais uma vez, a hipocrisia de governos e organizações que em palavras reconhecem a chamada solução dos dois Estados mas que não condenam os crimes de Israel, caucionando assim, com o seu silêncio cúmplice, o avanço diário da ocupação, colonização e limpeza étnica do povo palestino.
Continuamos sem que sejam tomadas medidas que impeçam Israel de praticar esses crimes ou que responsabilizem Israel pelos mesmos. Neste quadro, é particularmente censurável o silêncio do Governo Português perante mais esta agressão de Israel contra a martirizada população palestina da Faixa de Gaza.
Considerando estes dramáticos desenvolvimentos, a dor e o sofrimento infligidos ao povo palestino e os riscos associados de uma confrontação militar na região com consequências imprevisíveis, o MPPM reclama do governo português que, no respeito da Constituição da República Portuguesa, do direito internacional e do direito internacional humanitário:
- Condene inequivocamente os bombardeamentos e a escalada de violência das forças israelitas contra Gaza e contra o povo palestino em geral;
- Exija do governo de Israel o respeito pelos direitos do povo palestino e o fim do bloqueio de Gaza, o fim dos colonatos, dos muros e de todas as práticas discriminatórias e violentas contra o povo palestino;
- Exija o cumprimento da Carta e das resoluções das Nações Unidas a que o Estado de Israel se obrigou ao ser admitido na ONU;
- Reconheça o Estado da Palestina, com Jerusalém Oriental como sua capital, conforme as resoluções das Nações Unidas e seguindo as recomendações aprovadas pela Assembleia da República e a prática de outros 138 Estados membros da ONU.
O MPPM reafirma a sua solidariedade para com o povo palestino e para com a sua luta pela libertação e pelo direito a viver em paz e prosperidade na sua terra.
O MPPM apela ainda a todos os democratas e amantes da paz que continuem a demonstrar o seu apoio à causa da Palestina e a denunciar os crimes de Israel.
7 de Agosto de 2022
A Direcção Nacional do MPPM
Foto: Crianças reagem a ataque aéreo israelita em Khan Yunis no Sul da Faixa de Gaza (Mohammed Abed)