MPPM condena criminosa agressão israelita na Cisjordânia ocupada
Ao mesmo tempo que as atenções do mundo se centravam no horror da campanha genocida de Israel contra a população da Faixa de Gaza, decorria na Cisjordânia a campanha repressiva mais vasta e brutal dos últimos anos.
Durante estes quinze meses, mais de 800 palestinos foram assassinados pelo exército de ocupação ou por colonos israelitas, a que há que acrescentar milhares de detenções, roubos de terras e destruição de casas. A cidade de Jenin, no Norte da Cisjordânia, e o adjacente campo de refugiados — onde vivem cerca de 25.000 pessoas — foram particularmente fustigados.
Ainda antes da entrada em vigor do cessar-fogo na Faixa de Gaza, em 19 de Janeiro, desencadeou-se na Cisjordânia uma vaga de violência dos colonos, que invadiram aldeias e incendiaram casas e bens, com a conivência das forças armadas de Israel — que, no entanto, segundo o direito internacional, na sua qualidade potência ocupante está obrigado a velar pela segurança dos habitantes do território ocupado.
A decisão do recém-empossado Donald Trump de levantar as — bem frouxas — sanções contra alguns colonos notórios pela sua particular violência não pode senão acicatar ainda mais a fúria assassina das organizações de colonos e a campanha em curso para a anexação total da Cisjordânia.
Ao mesmo tempo, no passado dia 21 de Janeiro, as forças armadas de Israel lançaram em Jenin a designada Operação «Muro de Ferro», incluindo com a utilização de drones e aviação. (Recorde-se que «Muro de Ferro» é o título de um livro de Zeev Jabotinsky, sionista extremista que constitui confessada inspiração ideológica de Netanyahu.)
A operação começou com um ataque violento à cidade e ao campo de refugiados, com a utilização de soldados, forças especiais, agentes do Shin Bet, drones e aviões. Logo nas primeiras horas foram mortas dez pessoas — incluindo crianças e civis nas ruas — e mais de cem ficaram feridas, incluindo pessoal de saúde e motoristas de ambulâncias. A zona em volta do hospital foi demolida para impedir o acesso.
O campo de refugiados está a ser dividido em quatro partes, para o que as forças israelitas arrasam ruas e casas, fazendo-as explodir ou incendiando-as. Regista-se até hoje cerca de dezena e meia de mortos, e duas mil famílias foram já forçadas a abandonar o campo.
A cessação da actividade nos territórios ocupados da UNRWA, a agência da ONU de assistência aos refugiados palestinos, anunciada para o fim de Janeiro — na sequência de uma lei aprovada pelo parlamento israelita —, não deixará de agravar ainda mais esta situação já crítica.
O MPPM manifesta a sua indignação e repúdio perante mais esta ofensiva de Israel contra os palestinos da Cisjordânia ocupada, e adverte que se pode estar na iminência de uma repetição do genocídio de Gaza, desta vez na Cisjordânia.
O MPPM reclama que a comunidade internacional não feche os olhos a mais esta ofensiva criminosa de Israel e exerça toda a pressão para o seu fim imediato. Em particular, o MPPM considera intolerável que permaneça em vigor o Acordo de Associação União Europeia-Israel, apesar de o mesmo afirmar explicitamente que o respeito pelos direitos humanos e os princípios democráticos constitui um seu elemento essencial.
O MPPM reclama do governo português que abandone a sua posição de atentismo colaborante com o agressor e cesse toda a colaboração com Israel, sobretudo no domínio militar, e, como importante sinal político, reconheça finalmente o Estado da Palestina.
O MPPM apela a que não baixem os braços e prossigam a sua valiosa acção todas e todos aqueles que nos últimos meses, em centenas de iniciativas, manifestaram o seu repúdio pelo genocídio levado a cabo por Israel e exprimiram a sua solidariedade com o povo palestino.
O MPPM saúda a resistência determinada do povo palestino e reitera a sua solidariedade com a sua luta, pela libertação de todos os presos, pelo direito de regresso dos refugiados, pelos seus direitos nacionais imprescritíveis, por uma Palestina livre, independente e soberana.
28 de Janeiro de 2025
A Direcção Nacional do MPPM
Foto: Campo de refugiados de Jenin, Janeiro de 2025 (Agência Anadolou)