MPPM condena bombardeamento americano da Síria

O MPPM condena o bombardeamento levado a cabo pelos Estados Unidos da América contra a Síria. O lançamento de 59 mísseis Tomahawk na madrugada do passado dia 7 de Abril contra a base aérea síria de Shayrat, alegadamente em «retaliação» pelo emprego de armas químicas pelas forças armadas sírias contra a população civil de Khan Sheikoun, constitui um acto de agressão efectuado à margem da ONU e ao arrepio do direito internacional, com repercussões negativas em todo o Médio Oriente.
Não é possível no momento actual deixar de recordar casos passados em que pretextos falsos serviram de base para agressões dos Estados Unidos. Aqueles que agora aplaudem ou dizem compreender a agressão dos Estados Unidos, sob gasto pretexto «humanitário», não deveriam esquecer, para não ir mais longe, todo o rasto de morte e destruição que deixaram no Médio Oriente a invasão do Iraque em 2003, invocando armas de destruição em massa que nunca apareceram, ou o bombardeamento da Líbia e o derrubamento do governo de Muamar Khadaffi em 2011, sob a alegação de fantasiosos «ataques contra o seu próprio povo».
A utilização das armas químicas, além de moralmente inadmissível, é ilegal, ao violar a Convenção sobre a Proibição do Desenvolvimento, Produção, Armazenagem e Utilização de Armas Químicas e sobre sua Destruição. Porém, as circunstâncias e a autoria deste caso carecem de comprovação por uma investigação séria e isenta, a que os Estados Unidos se eximiram.
Trata-se do primeiro ataque directo estado-unidense contra alvos do governo sírio, sem a capa da «guerra contra o terrorismo» a coberto da qual os Estados Unidos têm já presentes no terreno 1000 militares e vêm apoiando, desde há muito, grupos e forças que desenvolvem uma guerra de desestabilização daquele país. Esta acção estado-unidense, numa lógica aberta de «mudança de regime», veio novamente elevar a tensão, no preciso momento em que começavam finalmente a esboçar-se passos no sentido de uma solução política do conflito, através das negociações de Astana e de Genebra.
Neste quadro, o apoio entusiástico de Israel ao bombardeamento constitui uma nova confirmação de que, tal como o MPPM vem advertindo, a paz no Médio Oriente passa necessariamente por obrigar o Estado de Israel a cumprir a legalidade internacional e por uma solução justa da questão palestina.
Israel, que ocupa ilegalmente desde 1967 o território sírio dos Montes Golã, estratégico do ponto de vista dos recursos hídricos, tem-se empenhado na destruição do Estado sírio, apoiando forças terroristas e efectuando recorrentes bombardeamentos aéreos acolhidos com indiferença pela comunidade internacional. Israel reclama até a criação nesse país de zonas-tampão junto das fronteiras israelita e jordana. Suprema hipocrisia, Israel declara que as armas químicas não devem ser toleradas, quando, além da utilização recorrente de armas proibidas nas sucessivas ofensivas militares na faixa de Gaza, é o único país do Médio Oriente a possuir a mais mortífera das armas de destruição maciça: a arma nuclear.
Israel condói-se com a sorte das vítimas do conflito imposto à Síria, mas procura fazer esquecer os sofrimentos que desde 1948 impõe ao povo palestino, traduzidos em milhares de mortos e milhões de refugiados.
Ao condenar o bombardeamento pelos Estados Unidos do território da República Árabe Síria, desde há muito uma firme defensora da causa palestina e neste momento o único país árabe que apoia sem reservas a luta do povo palestino, o MPPM exorta todos os que em Portugal prezam a justiça e a liberdade a empenharem-se no combate pela paz no Médio Oriente e pelo direito do povo palestino à construção na sua terra do Estado livre e independente que a ONU lhe prometeu em 1947 mas lhe continua a ser negado.
11 de Abril de 2017
A Direcção Nacional do MPPM
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