MPPM condena assassínio de general iraniano Soleimani e escalada belicista dos Estados Unidos no Médio Oriente

O Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) condena nos termos mais veementes o assassínio do general Qassem Soleimani, comandante da Força Quds dos Guardas Revolucionários do Irão, perpetrado na capital do Iraque pelos Estados Unidos.

O assassínio de uma alta personalidade de um país estrangeiro, fora de uma situação de guerra e para mais em violação da soberania iraquiana, constitui um acto de terrorismo de Estado e uma violação gritante do direito internacional.

Os Estados Unidos, que invadiram o Iraque em 2003 sem mandato da ONU e com pretextos falsos, são totalmente responsáveis pela nova escalada de instabilidade e violência na região do Médio Oriente, cujas consequências desastrosas serão sofridas em primeiro lugar pelos seus povos mas que poderão alastrar de forma imprevisível à escala mundial.

No prosseguimento da sua estratégia de abater todos os países e forças que se opõem ao seu domínio imperial sobre esta zona do globo rica em recursos naturais e de primordial importância geoestratégica, os Estados Unidos definiram há muito o Irão como um alvo central, nomeadamente pelo seu apoio à resistência do povo palestino contra ocupação israelita e pelo seu papel decisivo para conter a agressão externa à Síria.

Os Estados Unidos, que continuam a ocupar militarmente o Iraque, escolheram deliberadamente a via da intensificação da tensão, rompendo o acordo de limitação nuclear com o Irão e agravando as sanções contra este país, arrogando-se até para tal uma jurisdição extraterritorial que impõem a outros países.

É elucidativo que os grandes impulsionadores da campanha anti-iraniana dos Estados Unidos sejam dois dos países mais agressivos da região, Israel e a Arábia Saudita.

Israel desvia as atenções do mundo da violação reiterada de resoluções da ONU, da sua criminosa política de ocupação, repressão e massacre do povo palestino, da sua arrogante intervenção contra os países da região, ao ponto de levar a cabo bombardeamentos ao território iraquiano. Por seu lado, a rica, retrógrada e repressiva petromonarquia saudita procura fazer esquecer a sua permanente ingerência nos assuntos de outros povos e a sua primordial responsabilidade pela guerra de extermínio lançada contra o Iémen, o mais pobre país da Península Arábica.

Portugal também não está imune às consequências desencadeadas pelo crime dos Estados Unidos. Com efeito, há tropas portugueses no Iraque, numa missão que tem tudo a ver com um reprovável alinhamento com os Estados Unidos e a NATO e nada com a defesa da soberania e dos interesses de Portugal.

E não é deslocado interrogar: o crime agora cometido em Bagdade terá sido combinado no encontro de Lisboa entre Michael Pompeo e Benjamin Netanyahu, que numa atitude indigna o governo português se prestou a acolher?

O governo português tem de condenar e demarcar-se claramente da escalada de guerra que os EUA e Israel estão a impor no Médio Oriente. É um imperativo constitucional, mas também político e moral. Portugal não pode estar associado a uma política criminosa e belicista, que ameaça atear o fogo no Médio Oriente e a nível mundial.

Na perigosa situação que está criada, em que é real o perigo de uma guerra devastadora, o MPPM apela aos cidadãos e organizações portugueses para que se mobilizem contra a escalada da agressão e pela defesa da paz e da justiça no Médio Oriente, reclamando ao mesmo tempo do governo português, na observância dos preceitos constitucionais, uma intervenção decidida nesse sentido.

5 de Janeiro de 2020
A Direcção Nacional do MPPM

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