MPPM celebra Dia da Terra Palestina

O MPPM assinalou hoje o Dia da Terra com uma sessão muito participada, no auditório da Fundação José Saramago, em que foi exibido o filme de Maryse Gargour «A Terra Fala Árabe», seguido de um debate introduzido e moderado por Carlos Almeida, investigador na FLUL e Vice-Presidente do MPPM.

O Dia da Terra evoca os acontecimentos de 30 de Março de 1976 em que as forças repressivas israelitas mataram seis palestinos cidadãos de Israel que protestavam contra a expropriação de terras propriedade de palestinos, no Norte de Israel, para aí construir comunidades judaicas. Cerca de 100 pessoas ficaram feridas e centenas foram presas durante a greve geral e grandes manifestações de protesto que nesse dia ocorreram em diferentes localidades palestinas no território de Israel.

O Dia da Terra Palestina simboliza a determinação dos palestinos — de ambos os lados da Linha Verde, nos campos de refugiados e na diáspora — de preservar a sua história e a sua terra como elemento essencial da sua identidade e da sua própria existência como povo.

Em 2018 o dia 30 de Março adquiriu um novo e importante significado. Precisamente para coincidir com o Dia da Terra, nesse dia tiveram início na Faixa de Gaza as manifestações da Grande Marcha do Retorno, alvo da sangrenta repressão das forças israelitas. Durante um ano de persistentes e corajosos protestos semanais, os palestinos de Gaza sofreram mais de duas centenas de mortos e muitos milhares de feridos, no que uma comissão independente de investigação do Conselho de Direitos Humanos da ONU denunciou como crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos por Israel. Os manifestantes reclamam o fim do criminoso bloqueio a que a Faixa de Gaza está sujeita há 12 anos e o direito dos refugiados (70% dos habitantes de Gaza são refugiados) a regressarem aos seus lares no actual território do Israel, de onde foram expulsos na campanha de limpeza étnica levada a cabo pelos sionistas em 1948.

O filme “A Terra Fala Árabe” relata, com base em citações de líderes sionistas, filmes de arquivo inéditos, recortes de jornais da época, documentos oficiais, entrevistas com historiadores e testemunhos palestinos anteriores a 1948, a história da progressiva ocupação do território da Palestina pelos judeus, com a consequente expulsão dos seus habitantes milenares. Mais do que tentar provar um ponto de vista, o filme dá voz a um dos principais historiadores palestinos da actualidade, Nur Masalha, que explica a história do seu país antes da criação do Estado de Israel, de uma maneira clara e ponderada, baseado tanto na vivência dos seus antepassados como em arquivos israelitas recentemente abertos.

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