Ministro israelita quer endurecer condições dos presos palestinos

O ministro da Segurança Pública de Israel, Gilad Erdan, apresentou hoje, quarta-feira, planos para piorar as condições dos presos políticos palestinos nas prisões israelitas. Entre as medidas anunciadas contam-se o racionamento da água, incluindo a limitação dos duches, a limitação do acesso de presos à televisão, o bloqueio das verbas provenientes da Autoridade Palestina, a redução da autonomia dos presos e o fim da separação entre presos do Hamas e da Fatah, movimentos políticos rivais, e a redução do número de visitas familiares. Erdan declarou que as visitas familiares já haviam sido interrompidas para os presos pertencentes ao Hamas.

«O plano também inclui impedir que membros do Knesset [parlamento de Israel] visitem os detidos palestinos», afirmou Erdan. Esta ameaça já não é nova, e visa os deputados da Lista Conjunta, na sua maioria são palestinos cidadãos de Israel, que têm manifestado repetidamente a sua solidariedade com os presos políticos palestinos, nomeadamente por ocasião da grande greve da fome de 2017, que se prolongou por 41 dias.

«Não seremos dissuadidos por ameaças e greves [de fome]», disse o ministro, afirmando que o serviço penitenciário de Israel está pronto para «enfrentar qualquer cenário».

Erdan acrescentou que as suas recomendações deverão ser confirmadas nas próximas semanas pelos ministros do gabinete e aplicadas no espaço de um ano.

Qadri Abubaker, o chefe da Comissão dos Presos Palestinos (organismo da Autoridade Palestina para os assuntos dos presos) apelou a uma forte posição nacional contra os planos de Erdan, que são uma tentativa de tornar a vida dos presos palestinos ainda mais insuportável.

Por seu lado, Qadura Fares, dirigente do Clube dos Prisioneiros Palestinos (associação de presos e ex-presos políticos palestinos e suas famílias), minimizou as afirmações do ministro como propaganda (Israel vai ter eleições legislativas antecipadas em 9 de Abril), acrescentando que pessoalmente apoia o fim da separação entre os presos do Hamas e da Fatah: «Nós sempre dissemos que as prisões deveriam ser externas ao cisma» entre os movimentos palestinos.

Segundo dados da Addameer (Associação de Apoio e Direitos Humanos dos Presos) referentes a Dezembro de 2018, há neste momento 5500 presos políticos palestinos nas cadeias israelitas, dos quais 230 são menores e 41 têm menos de 16 anos. Entre eles contam-se 480 em detenção administrativa (prisão sem julgamento nem culpa formada por períodos de até seis meses indefinidamente renováveis.
 

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