Ministro israelita e grupo de colonos invadem complexo de Al-Aqsa

O ministro israelita da Agricultura, Uri Ariel (do partido de extrema-direita Lar Judaico), acompanhado de vários colonos judeus, nesta terça-feira forçou a entrada na mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém Oriental ocupada, sob protecção de forças israelitas armadas.

O ministro israelita e o grupo de colonos israelitas entraram no complexo de Al-Aqsa através da Porta dos Marroquinos, que está sob controlo de Israel desde a ocupação de Jerusalém Oriental, em 1967.

Esta iniciativa provocatória ocorre num contexto de tensões em Jerusalém após uma série de protestos palestinos e a posterior prisão de dezenas de activistas palestinos pelas forças israelitas no início desta semana.

A polícia israelita chegou a deter por um breve período o xeque Abdelazeem Salhab, chefe da entidade religiosa responsável pelo complexo, depois de ele ter rezado, juntamente com outros palestinos, perto do portão al-Rahma pela primeira vez em 16 anos.

A área de orações do Portão al-Rahma (Portão da Misericórdia) da Mesquita de Al-Aqsa foi fechada na segunda-feira à noite por ordem do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reabrindo na manhã de terça-feira.

O número de deputados israelitas que invadem o complexo da mesquita de Al-Aqsa aumentou nos últimos meses, após o primeiro-ministro israelita ter decidido levantar a proibição anteriormente existente.

Netanyahu autorizou que os deputados israelitas, na sua maioria extremistas de direita que apoiam a demolição do sítio islâmico para em seu lugar construir um templo judaico, visitassem o complexo de Al-Aqsa a cada três meses. No entanto, nos últimos dois meses vários deputados entraram repetidamente no complexo, violando a regra da «entrada a cada três meses».

O complexo da mesquita de Al-Aqsa, terceiro local mais sagrado do Islão, inclui a mesquita da Cúpula da Rocha e a mesquita de Al-Aqsa e fica logo por cima da praça do Muro das Lamentações. O sítio também é venerado como o local mais sagrado do judaísmo, pois os judeus crêem que o Primeiro e o Segundo Templos se encontravam aqui.

Nos termos do acordo assinado entre Israel e o governo jordano após a ilegal ocupação de Jerusalém Oriental em 1967, são permitidas as visitas de judeus ao complexo de Al-Aqsa, mas o culto é vedado a não-muçulmanos. Esta proibição tem sido reiteradamente violada por judeus sob protecção de forças policiais israelitas. No ano judaico que terminou em 9 Setembro de 2018, 28 800 colonos judeus invadiram a mesquita de Al-Aqsa e o seu complexo.

No clima de campanha eleitoral que se vive em Israel (as eleições antecipadas terão lugar a 9 de Abril), é de temer uma escalada de novas provocações para atrair as simpatias do numeroso eleitorado de extrema-direita, com consequências imprevisíveis e potencialmente sangrentas.

Recorde-se que foi também em período pré-eleitoral que, no final de 2000, uma visita ao complexo de Al-Aqsa pelo ex-primeiro-ministro israelita Ariel Sharon desencadeou a segunda Intifada, uma revolta popular que durou cinco anos e em que foram mortos milhares de palestinos.

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