Milhares manifestam-se em Tel Aviv contra Estado israelita «racista» e demolições de casas

Cerca de 5000 cidadãos israelitas, palestinos e judeus, provenientes de Jerusalém e de Israel inteiro, manifestaram-se na cidade israelita de Tel Aviv na noite de sábado, 4 de Fevereiro, em protesto contra as demolições de casas que visam cidadãos palestinos de Israel. Os manifestantes classificaram como «racista» contra os cidadãos palestinos a campanha de demolições levada a cabo pelo Estado de Israel.
O protesto foi organizado por cerca de 20 movimentos e grupos políticos, de direitos humanos e defensores da paz, incluindo a organização «Standing Together», o Conselho de Aldeias não Reconhecidas do Negev, o Partido Comunista de Israel e os partidos Meretz e Hadash, e ainda os Rabinos pelos Direitos Humanos, entre outros.
Os manifestantes levavam cartazes em árabe e hebraico, com as palavras de ordem: «Quando o governo é contra o povo, o povo é contra o governo», «Basta de racismo do governo ... exigimos igualdade» e «Judeus e árabes juntos, combater o fascismo».
Na manifestação participaram também membros de um comité local da comunidade beduína de Umm al-Hiran, na região do Negev (Sul de Israel). Aqui, no passado dia 18 de Janeiro, durante uma operação para evacuar os habitantes e destruir as suas casas, foi morto a tiro Yacoub Abu al-Qian, um professor de matemática que vivia no local; na ocasião morreu também um polícia, atropelado pelo seu carro descontrolado.
Amal Abu Saad, a viúva de Abu al-Qian, falou aos manifestantes, denunciando as políticas racistas do governo de Israel, e reiterou a exigência de uma investigação às circunstâncias da morte do marido. «Apesar do incitamento selvagem [do governo], do racismo e da discriminação … não conseguirão dividir os cidadãos do país. Todos vocês, que estão aqui hoje, são a prova de que judeus e árabes podem e querem viver juntos e com igualdade», declarou.
Também discursou na manifestação Ayman Odeh, dirigente da Lista Conjunta (coligação de partidos palestinos e da esquerda não sionista em Israel) no parlamento de Israel, o Knesse. Odeh, que foi ferido na cabeça em Umm al-Hiran por uma bala de ponta de esponja durante os protestos contra as demolições, afirmou: «Milhares de pessoas vieram hoje aqui, árabes e judeus, de todo o país, para clamar contra o ataque do governo contra a população árabe [palestinos de Israel] e pedir igualdade, reconhecimento das aldeias não reconhecidas, e exigindo a criação de uma comissão oficial de inquérito do Estado para examinar todos os eventos em torno da evacuação brutal de Umm al-Hiran».
Igualmente no sábado, o secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, denunciou o governo de Israel pela a sua escalada «fascista» e «extremista» contra os cidadãos palestinos de Israel, numa sessão realizado para mostrar o apoio aos cidadãos palestinos de Israel.
As demolições de casas em Umm al-Hiran (18 de Janeiro) e Qalansawe (10 de Janeiro) ocorreram depois de a demolição de casas palestinas na Margem Ocidental ocupada e em Jerusalém Oriental ter atingido um número sem precedentes ao longo de 2016.
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