A lei israelita do «Estado-nação» é uma «forma clara de apartheid», diz Daniel Barenboim

Daniel Barenboim, o pianista e maestro mundialmente famoso, rotulou a lei israelita do «Estado-nação do povo judeu» como «uma forma muito clara de apartheid».
«Hoje tenho vergonha de ser israelita», escreveu Barenboim num artigo de opinião publicado no jornal «Haaretz». A lei, afirma, «confirma a população árabe como cidadãos de segunda classe».
A lei foi aprovada por 62 votos a favor, 55 contra e duas abstenções no Knesset (parlamento isarelita), de 120 membros, após meses de discussões políticas.
A lei dá aos judeus a supremacia sobre todos os cidadãos israelitas não-judeus, razão por que os seus críticos, sobretudo os palestinos que são cidadãos de Israel, a classificam de racista.
A «lei do Estado-nação do povo judeu» concede o direito exclusivo de «autodeterminação nacional» aos judeus, onde quer que vivam, em Israel ou no estrangeiro, quer possuam cidadania israelita quer não.
A lei não considera iguais perante a lei os cidadãos não-judeus de Israel, incluindo os palestinos muçulmanos ou cristãos (20% da população).
A lei também considera o hebraico a única língua oficial do Estado, rebaixando o árabe, anteriormente também língua oficial, à qualidade de língua com «estatuto especial» não especificado.
Com natureza constitucional, a lei significa de facto a reafirmação do caráter confessional e segregacionista de Israel.
Barenboim, que é diretor musical geral do La Scala, da Opera de Estado de Berlim State e da Staatskapelle Berlin, foi co-fundador, juntamente com o falecido Edward Saíd, da West-Eastern Divan Orchestra, uma orquestra de jovens árabes e músicos israelitas sediada em Sevilha.
«Podem os judeus, cuja história é um registo de contínuos sofrimentos e implacáveis perseguições, permitir-se permanecer indiferentes aos direitos e ao sofrimento de um povo próximo?», interroga Barenboim.

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