Jovem palestino morto por colonos israelitas em novo assalto a Huwara

Um jovem palestino foi morto a tiro, ontem à noite, durante um ataque de colonos, apoiados pelas forças de ocupação israelitas, contra a cidade de Huwara, a sul de Nablus, elevando para quatro o número de palestinos mortos em menos de 24 horas.

O jovem, identificado como Labeeb Mohammed Dmaidi, de 19 anos, foi atingido directamente no coração por um colono israelita, vindo a falecer no hospital Rafidia, na cidade de Nablus, para onde foi transportado.

Fontes do Crescente Vermelho Palestino disseram que pelo menos 25 pessoas, incluindo quatro crianças, sufocaram com o gás lacrimogéneo disparado pelas forças militares durante o ataque dos colonos à cidade.

Um outro jovem palestino, identificado como Jamal Mahmoud Majdoub, de 26 anos, foi morto a tiro pelas forças de ocupação israelitas em Huwara.

Segundo a WAFA, as forças de ocupação israelitas abriram fogo contra o jovem depois de o terem cercado num edifício perto da rotunda de Zaytouna. As forças terão bloqueado o acesso das equipas de ambulância ao local, deixando o jovem ferido a sangrar até sucumbir aos ferimentos.

Ontem cedo, as forças de ocupação israelitas forçaram os proprietários de lojas em Huwara a encerrar os seus estabelecimentos, enquanto reforçavam as restrições nos postos de controlo militar nas imediações da cidade e no resto da província de Nablus.

A população palestina local habituou-se a estes bloqueios israelitas esporádicos que perturbam a sua vida quotidiana e as suas actividades económicas sob o pretexto de manter a segurança da população israelita de colonos.

Os colonos atacam regularmente Huwara, incluindo em Fevereiro passado, quando mataram um palestino, feriram muitos outros e destruíram casas e carros. Um general israelita descreveu o incidente como um pogrom, mas o ministro das Finanças, de extrema-direita, Bezalel Smotrich, apelou mais tarde à destruição de Huwara.

Dois jovens palestinos mortos em Tulkarm

Ao início da manhã de ontem, quinta-feira, dois jovens palestinos, Abdulrahman Atta, 23 anos, e Hudhaifa Fares, 27 anos, foram mortos a tiro pelas forças de ocupação israelitas na vila de Shufa, a sudeste de Tulkarm, depois de alegadamente terem disparado sobre um colono.

Uma força especial israelita, apoiada por grandes forças do exército de ocupação, invadiu o campo de refugiados de Tulkarm e colocou os seus atiradores furtivos em várias zonas.

Houve confrontos violentos entre jovens palestinos e os soldados de ocupação, que dispararam balas reais, granadas de atordoamento e gás tóxico contra eles.

As forças israelitas fazem regularmente incursões em Tulkarm. Nida Ibrahim, da Al Jazeera, disse que, normalmente, quando as forças israelitas invadem a cidade, os palestinos tendem a retaliar disparando contra os colonatos israelitas ilegais.

Ibrahim acrescentou que as forças israelitas impediram que a assistência médica chegasse ao local e depois levaram os corpos como «parte de uma política israelita de reter os corpos de palestinos que se acredita terem cometido ataques contra cidadãos e soldados israelitas».

Escalada de violência na Cisjordânia

Há mais de 18 meses que Israel tem vindo a intensificar os ataques militares, principalmente no norte da Cisjordânia ocupada, no que diz ser uma campanha para eliminar os combatentes da resistência palestina e impedir futuros ataques.

Em Julho, Israel lançou um dos seus maiores ataques na Cisjordânia ocupada, matando pelo menos 12 palestinos no campo de refugiados de Jenin e ferindo cerca de 100 outros.

Além das ocorrências de ontem, em Huwara e Tulkarm, pelo menos 200 civis ficaram feridos na zona oriental de Nablus na noite de quarta-feira, quando protestavam contra a entrada de colonos no Túmulo de José, um local religioso, sob a protecção de soldados.

Os ferimentos foram causados por fogo real, balas de aço revestidas a borracha e gás lacrimogéneo, segundo os médicos palestinos.

Noutra parte de Nablus, as tropas israelitas no campo de refugiados de Balata enfrentaram a resistência de combatentes que usaram fogo real e engenhos explosivos para impedir o avanço do exército.

Ocorreram confrontos semelhantes no campo de refugiados de Tulkarm, no decurso de um outro ataque israelita.

O Hamas e a Jihad Islâmica afirmaram, em declarações, que os seus combatentes estiveram envolvidos nos tiroteios e no lançamento de engenhos explosivos, alegando que estes provocaram vítimas israelitas.

As forças israelitas confirmaram que cinco militares ficaram feridos na explosão de uma granada durante o ataque em Tulkarm. Três estavam em estado grave e dois tinham ferimentos ligeiros e moderados.

Este ano foi um dos mais sangrentos das últimas duas décadas para os palestinos na Cisjordânia ocupada.

Até agora, pelo menos 195 palestinos foram mortos por fogo israelita em 2023, incluindo 27 crianças. Outros 37 foram mortos na Faixa de Gaza, incluindo sete crianças.

No mesmo período, os palestinos mataram pelo menos 30 israelitas, incluindo seis crianças.


Fontes: WAFA, Al Jazeera, Middle East Eye


Na imagem: Funeral do jovem Labeeb Mohammed Dmaidi em Huwara (Foto: AFP)


 

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