Jovem palestino morre na prisão de Ketziot, em Israel
Nour al-Barghouthi, um palestino de 23 anos residente na aldeia de Abdoud, no norte da Cisjordânia, morreu na prisão de Ketziot, no deserto da Naqab (Negev) em Israel, na terça-feira, em condições que os grupos de direitos humanos consideram suspeitas.
Segundo a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (PPS), «os seus colegas prisioneiros ouviram um estrondo na casa de banho e viram que ele tinha caído. Tentaram arrombar a porta, mas não conseguiram, pelo que chamaram os guardas».
De acordo com a PPS, os guardas prisionais israelitas demoraram mais de 30 minutos a prestar auxílio a Barghouthi e só vieram depois de os prisioneiros da secção terem começado a gritar e a causar agitação. Os guardas prisionais terão chamado uma ambulância e transferido o recluso inconsciente para um hospital israelita onde chegou já morto.
Abdullah Zghari, porta-voz da PPS, em declarações ao Middle East Eye, comentou: «Era um homem jovem, saudável, sem problemas de saúde preexistentes. Então, como é que uma coisa destas acontece, sem mais nem menos?»
Zghari disse que o PPS exigiu às autoridades israelitas a realização de uma autópsia ao corpo de Barghouthi para determinar a causa da morte e abrir uma investigação sobre a razão pela qual os guardas demoraram tanto tempo a responder. «Os guardas negligenciaram ostensivamente dar-lhe um tratamento médico adequado, o que acreditamos ter resultado na sua morte prematura. Se tivessem respondido imediatamente e lhe tivessem dado os cuidados adequados, ele poderia estar vivo agora mesmo».
A morte de Barghouthi eleva para 223 o número total de palestinos que morreram nas prisões israelitas desde 1967. Só em 2019, três prisioneiros morreram em prisões israelitas.
Os corpos dos três prisioneiros que morreram no ano passado, juntamente com dois outros que morreram nos anos 1980 e 2018, continuam retidos pelas forças israelitas. Zghari disse acreditar que o corpo de Barghouthi também permanecerá sob custódia israelita, em conformidade com uma política que estabelece que os prisioneiros falecidos devem «cumprir integralmente as suas penas, mesmo que estejam mortos».
«Nour tinha cumprido quatro anos de uma pena de oito anos, pelo que é possível que a sua família não possa sequer chorar e enterrá-lo durante mais quatro anos», acrescentou. «Esta é a dor que o povo palestino e as famílias dos prisioneiros devem suportar simplesmente por tentarem libertar-se a si próprios e ao seu povo da ocupação».