Israel usa cadáveres de palestinos como moeda de troca
Em 31 de Julho passado, o Supremo Tribunal de Israel manteve a retenção do corpo de Wadia Shadi Sa'd Elyan, um menino palestino de 14 anos residente em Jerusalém Oriental, que foi morto pelas forças israelitas em 5 de Fevereiro de 2024 — há um ano e meio — perto do colonato israelita de Ma'ale Adumim, na Cisjordânia ocupada.
O Adalah – The Legal Center for Arab Minority Rights in Israel considera que a retenção do corpo de Wadia é ilegal tanto ao abrigo da lei israelita como da lei internacional e viola o direito à dignidade tanto do falecido como da sua família. Este direito está consagrado no direito internacional humanitário, no direito internacional dos direitos humanos e nas decisões do Supremo Tribunal de Israel. A retenção do corpo de um indivíduo falecido viola várias convenções internacionais, incluindo a Convenção Internacional contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos e Degradantes, da qual Israel é um Estado Parte.
O Comité das Nações Unidas contra a Tortura exortou Israel, em Junho de 2016, a tomar todas as medidas necessárias para devolver os corpos às famílias para sepultamento o mais rápido possível. O Comité dos Direitos Humanos da ONU, que monitora a implementação do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, em 2022, faz notar que «a prática de reter os corpos dos falecidos e negar o direito de as suas famílias os enterrarem pode equivaler a punição colectiva e a tortura e maus-tratos (artigos 6.º e 7.º)», e exortou Israel a devolver imediatamente os corpos dos palestinos falecidos às suas famílias.
Esta prática reflecte um padrão mais amplo das autoridades israelitas de reter corpos palestinos — incluindo os de cidadãos palestinos de Israel e residentes da Jerusalém Oriental ocupada — como moeda de troca nas negociações com a resistência palestina.
De acordo com a Defense for Children International – Palestine (DCI-P), em Fevereiro de 2025, Israel estava a reter os corpos de mais de 45 crianças palestinas, negando às famílias a possibilidade de as enterrar de acordo com os seus costumes religiosos e culturais. Por outro lado, o Jerusalem Legal Aid and Human Rights Center (JLAC), em Maio de 2025, as autoridades israelitas estavam a reter um total de 668 corpos palestinos.