Israel retém centenas de corpos de palestinos mortos
O governo israelita retém actualmente os corpos de 19 palestinos mortos nos últimos dois anos, além de 260 corpos de pessoas mortas desde 1967, relata a agência palestina Ma'an.
Em declarações à estação de rádio Voz da Palestina, o director do Centro de Assistência Jurídica e Direitos Humanos de Jerusalém (JLAC), Issam Arouri, afirmou que as forças israelitas continuam a reter os restos mortais de 260 mortos palestinos enterrados nos chamados «cemitérios de números» em Israel, além de conservarem em morgues os corpos de 19 palestinos que foram mortos pelas forças israelitas desde 2016.
Os últimos corpos retidos pelas forças israelitas são os de Hamzeh Zamaareh, de 19 anos, e Ahmad Nasser Jarrar, de 22, que foram mortos no início desta semana.
Israel tem desde há muito «cemitérios para os mortos inimigos», também referidos como «cemitérios de números», onde palestinos que morreram durante ataques contra israelitas — que os palestinos consideram actos de resistência legítimos contra uma ocupação violenta que dura há 50 anos — estão enterrados em túmulos sem nomes, marcados por números.
Às vezes as famílias têm de esperar décadas antes de receberem os corpos dos seus entes queridos. Em 2010, o JLAC conseguiu recuperar o corpo de Mashour al-Arouri, ao fim de 34 anos retido por Israel, e em 2011 o corpo de Hafez Abu Zant, ao fim de 35 anos.
Segundo a advogada Salwa Hammad, esta prática constitui um enorme encargo psicológico para as famílias. «O principal motivo pelo qual eles fazem isto é punir colectivamente a família do mártir … Enquanto não podem ver o corpo do filho, têm esperança de que ele ainda esteja vivo, que esteja na prisão.»
A prática da retenção dos corpos viola o direito internacional. As Convenções de Genebra estipulam que as partes de um conflito armado devem enterrar os falecidos de forma honrosa, «se possível de acordo com os ritos da religião a que pertenciam e que os seus túmulos sejam respeitados, devidamente mantidos e marcados de tal forma que possam sempre ser reconhecidos».
Da mesma forma, o Comité da ONU contra a Tortura, na sua revista de 2016 sobre o cumprimento por Israel da Convenção das Nações Unidas contra a Tortura, manifestou a sua preocupação com esta prática e exortou Israel a «devolver os corpos dos palestinos que ainda não foram devolvidos aos seus parentes o mais rapidamente possível para que possam ser enterrados de acordo com suas tradições e costumes religiosos e evitar que situações semelhantes se repitam no futuro».
Sexta, 9 Fevereiro, 2018 - 00:00