Israel provoca e alimenta escalada de violência de consequências imprevisíveis

O violento assalto das forças de segurança israelitas ao complexo de Al-Aqsa – já usuais na altura do Ramadão – geraram natural reacção dos palestinos, a que Israel responde com a brutalidade usual. Surdo aos apelos à contenção por parte da comunidade internacional, Israel espalha a violência e o terror em Jerusalém, na Cisjordânia, na Faixa de Gaza e até dentro de Israel, ameaçando mesmo passar as fronteiras do Líbano e da Síria, suscitando justificados receios de uma conflagração mais ampla.

Culminando o início de ano mais mortífero para os Palestinos nos últimos 20 anos, organizações extremistas judaicas apelaram aos seus fanáticos seguidores para ocuparem a Mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém Oriental durante a Páscoa judaica. Como reacção, os palestinos dispuseram-se a defender a sua mesquita ocupando-a durante a noite.

No entanto, antes do amanhecer de quarta-feira, a polícia israelita invadiu o complexo da Mesquita de Al-Aqsa, atacando dezenas de fiéis na Mesquita Al-Qibli.

A polícia israelita, que justificou estar a responder a "tumultos", espancou os fiéis com bastões e coronhas de espingardas e utilizou gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento para os forçar a sair das salas de oração.

O Crescente Vermelho Palestino relatou 12 pessoas feridas, incluindo três que foram levadas para o hospital. Afirmou também numa declaração que as forças israelitas impediram os seus médicos de chegar a Al-Aqsa.

Pelo menos 400 palestinos foram presos e permanecem sob custódia israelita, de acordo com autoridades locais.

A polícia israelita alega que tinha um acordo prévio com as autoridades do complexo de Al-Aqsa em como ninguém iria passar a noite dentro do complexo durante o mês do Ramadão, mas o Primeiro-Ministro da Autoridade Palestina, Mohammad Shtayyeh, que condenou o que aconteceu como "um crime grave contra os fiéis", acrescentou que "a oração na Mesquita de Al-Aqsa não é com a permissão da ocupação [israelita] ... é um direito nosso. Al-Aqsa é para os palestinos e para todos os árabes e muçulmanos, e o seu assalto é uma centelha de revolta contra a ocupação".

No final da noite de quarta-feira, por uma segunda noite consecutiva, as forças israelitas invadiram a Mesquita Al-Aqsa durante as orações da noite do Ramadão disparando balas de borracha e granadas atordoantes contra centenas de fiéis palestinos, de acordo com o Waqf islâmico, a organização nomeada pela Jordânia que gere o terceiro local mais sagrado do Islão. O Crescente Vermelho Palestino disse que seis pessoas foram feridas.

Depois de impor restrições rigorosas à entrada de fiéis muçulmanos na Mesquita de Al-Aqsa, a polícia israelita abriu a Praça da Mesquita para dezenas de fanáticos judeus a invadirem sob forte protecção policial.

Testemunhas oculares disseram que os fanáticos invadiram Al-Aqsa sob a forma de grupos de 50 pessoas cada um e realizaram caminhadas provocatórias nos pátios enquanto realizavam rituais judeus em violação do status quo que proíbe os não-muçulmanos de fazerem orações no complexo da Mesquita de Al-Aqsa, também conhecido como Al-Haram Al-Sharif, o Santuário Nobre.

As chamadas organizações do Monte do Templo tinham apelado aos seus seguidores para organizarem uma invasão em massa da Mesquita de Al-Aqsa durante o feriado da Páscoa judaica, que durará até à próxima quarta-feira, movimento que provocou a reacção dos muçulmanos, que se apressaram a proteger a sua Mesquita dos fanáticos.

Desde a madrugada, a polícia israelita impôs restrições à entrada de palestinos nos pátios de Al-Haram Al-Sharif, e impediu os menores de 40 anos de entrar e rezar em Al-Aqsa, forçando-os a rezar fora dela.

Apesar de tudo, milhares assistem à oração em Al-Aqsa

Estima-se que 130 000 muçulmanos de toda a Palestina assistiram à terceira sexta-feira do Ramadão na Mesquita Al-Aqsa de Jerusalém, no meio de apertadas restrições israelitas, particularmente nos postos de controlo que conduzem à cidade ocupada, de acordo com o Waqf.

Esta manhã, as forças de ocupação fecharam o posto de controlo militar de Qalandia e impediram os palestinos de entrar em Jerusalém para realizar as orações da terceira sexta-feira do Ramadão na Mesquita de al-Aqsa. Negou ainda aos fiéis com idade inferior a 55 anos a entrada na cidade.

Em Jerusalém, a polícia israelita terá fechado vários cruzamentos com barreiras de ferro, e destacou cerca de 2300 polícias adicionais nas ruas e becos da Cidade Velha e nos portões da mesquita, impedindo o acesso dos devotos.

Por que é que os palestinos temem pelo futuro da Al-Aqsa?

O complexo Al-Aqsa situa-se num planalto em Jerusalém Oriental que Israel capturou na Guerra dos Seis Dias de 1967 e mais tarde anexou, numa acção contestada pela maioria da comunidade internacional.

Para os muçulmanos, o complexo alberga o terceiro local mais sagrado do Islão, a Mesquita de Al-Aqsa e a Cúpula da Rocha, uma estrutura do século VII que se crê ser onde o Profeta Maomé ascendeu ao céu.

O complexo é também conhecido por Monte do Templo pelos judeus, que acreditam que é aí que outrora se situavam os templos judeus bíblicos.

Os palestinos vêem a Al-Aqsa como um dos poucos símbolos nacionais sobre os quais mantêm algum elemento de controlo. Temem, no entanto, uma lenta invasão por grupos judeus semelhante ao que aconteceu na Mesquita de Ibrahimi (Gruta dos Patriarcas) em Hebron, onde metade da mesquita foi transformada em sinagoga depois de 1967.

Os palestinos também estão preocupados com os movimentos israelitas de extrema-direita que querem demolir as estruturas islâmicas no complexo da Mesquita de Al-Aqsa e construir ali um templo judeu.

Nos últimos anos, grandes grupos de judeus nacionalistas têm visitado regularmente o local com escoltas policiais, algo que os palestinos vêem como uma provocação.

No início desta semana, o Ministro da Segurança Nacional israelita, Itamar Ben-Gvir, encorajou os judeus a visitar o local para assinalar os feriados da Páscoa judaica, que coincidem com o mês sagrado islâmico do Ramadão.

Ao mesmo tempo, grupos judeus marginais, incluindo o “Regresso ao Monte do Templo”, ofereceram prémios em dinheiro a qualquer pessoa que vá à Mesquita de Al-Aqsa e sacrifique uma cabra - um ritual religioso judeu que é proibido dentro da mesquita e que constituiria uma nova provocação. Até à data, não foram feitos sacrifícios no local, mas na segunda-feira, um líder de um dos grupos que estava a planear um sacrifício em Al-Aqsa foi detido pela polícia israelita.

Gaza novamente debaixo de fogo

Israel tem vindo a conduzir, desde quarta-feira, uma série de ataques aéreos contra alvos na Faixa de Gaza, alegadamente em retaliação contra o disparo de foguetes a partir do enclave.

Na madrugada desta sexta-feira, caças F-16 israelitas bombardearam com pelo menos 12 mísseis uma terra agrícola no bairro de Al-Tuffah na cidade de Gaza, e também bombardearam com quatro mísseis um alvo a sudoeste da cidade, causando destruição e fogo aos locais bombardeados. Não foram relatadas quaisquer baixas.

Os ataques aéreos israelitas à Cidade de Gaza causaram danos moderados em casas e instalações públicas adjacentes aos alvos imediatos dos ataques aéreos, incluindo o Hospital Infantil Al-Durrah, cujo edifício sofreu danos materiais em consequência dos ataques aéreos.

O Ministério da Saúde denunciou os ataques aéreos israelitas que causaram danos ao Hospital Infantil Al-Durra, na cidade de Gaza, dizendo que os ataques constituem uma clara violação do direito humanitário internacional e da Convenção de Genebra, que estipula a protecção das instituições de saúde e a sua neutralização dos alvos militares.

Os caças israelitas bombardearam também com oito mísseis um alvo em Deir el-Balah, na Faixa de Gaza central, bem como outro alvo em Khan Yunis, a sul do enclave, com quatro mísseis, causando danos em casas e instalações adjacentes. Atacaram com pelo menos três mísseis um posto avançado no bairro de Al-Zaytoun, no sudeste da cidade de Gaza, causando destruição e fogo, bem como danos materiais às instalações vizinhas, mas sem baixas.

Também foram ouvidas explosões de ataques aéreos israelitas em Beit Hanoun, a norte da Faixa de Gaza, bem como em Khan Yunis, no sul do enclave. Até à data, não foram relatadas quaisquer baixas.

Na quarta-feira, a Faixa de Gaza foi atacada pela aviação, pelo exército e pela marinha israelitas.

Aviões israelitas atacaram com três mísseis um local a sudoeste da cidade de Gaza e outro no campo de refugiados Nuseirat, no centro de Gaza, causando danos no local mas sem ferimentos.

A artilharia israelita também disparou três projécteis num local a leste da cidade de Deir al-Balah, na Faixa de Gaza central, causando graves danos.

A artilharia disparou quatro projécteis para um local a leste de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, causando danos em propriedade privada próxima.

Três ogivas de artilharia foram também disparadas num local a noroeste de Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, causando a deflagração de um incêndio.

Ao mesmo tempo, a marinha israelita disparou vários projécteis em direcção aos barcos dos pescadores de Gaza ao largo da costa de al-Sudaniyya, a noroeste da cidade de Gaza.

Israel alegou que os ataques vieram depois de terem sido disparados quatro foguetes a partir de Gaza e que caíram no Sul de Israel. Os foguetes foram disparados em resposta ao brutal ataque israelita na mesquita de Al-Aqsa, no início da quarta-feira.

Também na quarta-feira, grandes multidões reuniram-se em toda a Faixa de Gaza para exigir protecção para os fiéis no local. Os comícios, que foram convocados pelo Hamas e outras facções palestinas, tiveram lugar após as orações nocturnas do Ramadão.

Os manifestantes hastearam bandeiras palestinas e imagens da Mesquita de Al-Aqsa enquanto cantavam slogans de apoio à Mourabitoun - um grupo de devotos palestinos que se caracterizam como defensores de Al-Aqsa, e milhares de pessoas reuniram-se perto da barreira de separação entre o enclave sitiado e Israel para protestar.

Duas facções palestinas, o Hamas e a Jihad Islâmica, disseram numa declaração que qualquer "tentativa [por Israel] de alterar o status quo na Mesquita Al-Aqsa, ou de judaizar o local, iria desencadear uma guerra sem precedentes em todas as frentes, especialmente a partir da Faixa de Gaza".

Líbano e Síria visados pela artilharia israelita

O exército israelita disse que interceptou uma barragem de foguetes disparados do Líbano no que parece ser uma clara reacção da resistência palestina aos violentos assaltos das forças israelitas à Mesquita Al-Aqsa.

São os primeiros foguetes disparados do Líbano em direcção a Israel desde Abril do ano passado, naquele que parece ser o incidente de segurança mais significativo no sul do Líbano em anos.

O ataque com foguetes foi seguido por disparos de artilharia israelita do outro lado da fronteira, disse a Agência Nacional de Notícias do Líbano sem reportar quaisquer baixas.

Não houve qualquer reivindicação imediata de responsabilidade pelo disparo dos foguetes, mas parece excluída a responsabilidade do Hezbollah.

O chefe da força de manutenção da paz da ONU no sul do Líbano, conhecida como UNIFIL, Major General Aroldo Lazaro, esteve em contacto tanto com as autoridades libanesas como israelitas, e declarou: "A situação actual é extremamente grave. A UNIFIL insta à contenção e a evitar uma nova escalada".

Na vizinha Síria, dois civis foram mortos no início da terça-feira após um ataque israelita contra a capital, Damasco, pela terceira vez em menos de uma semana, segundo a agência noticiosa oficial da Síria, SANA.

Segundo uma fonte militar síria, na madrugada de terça-feira, Israel realizou um ataque aéreo com explosões de mísseis a partir dos Montes Golã sírios ocupados, visando alguns pontos nas proximidades de Damasco e da região sul.

Na sexta-feira da passada semana, um membro do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica (IRGC) do Irão foi morto em ataques aéreos israelitas contra a periferia de Damasco.

As reacções dentro do sistema das Nações Unidas

Enquanto a Palestina e a Jordânia, com o apoio dos Emirados Árabes Unidos e da China, pedem a realização de uma reunião urgente do Conselho de Segurança das Nações Unidas para discutir as violações de Israel na Mesquita de Al Aqsa, são múltiplas as reacções de vários organismos das Nações Unidas.

O Secretário-Geral António Guterres ficou "chocado e horrorizado" com as imagens das forças de segurança israelitas a baterem nas pessoas na Mesquita Al-Aqsa, disse o seu porta-voz na quarta-feira. Stephane Dujarric disse que Guterres considerou que isso é mais angustiante porque veio "numa altura de um calendário sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos que deveria ser uma altura de paz e não-violência".

"Os líderes de todos os lados devem agir de forma responsável e abster-se de medidas que possam agravar as tensões", disse o Coordenador Especial da ONU para o processo de paz no Médio Oriente, Tor Wennesland.

A Relatora Especial da ONU para os territórios palestinos ocupados, Francesca Albanese, criticou nesta quinta-feira a comunicação social ocidental pela sua cobertura tendenciosa dos acontecimentos na Mesquita de Al-Aqsa, afirmando que "uma cobertura mediática enganosa contribui para permitir a ocupação incontrolada de Israel e deve também ser condenada e responsabilizada”. Albanese referia-se a um artigo da BBC que utilizava a palavra "confrontos" para se referir ao brutal assalto israelita contra fiéis palestinos na Mesquita de Al-Aqsa.

Nesta quinta-feira, mais de 30 peritos independentes da ONU instaram o Procurador do Tribunal Penal Internacional a empreender a sua missão de investigação sobre potenciais crimes de guerra israelitas na Palestina com a máxima urgência.

Manifestando a sua preocupação "pela impunidade generalizada e pela situação cada vez mais deteriorada dos direitos humanos no território palestino ocupado, devido a actos que podem constituir violações generalizadas e sistémicas do direito internacional", os peritos exortam o Procurador do TPI a "acelerar a justiça como um passo crucial para acabar com a impunidade e restaurar uma ordem baseada no direito internacional e nos direitos humanos, como o último bastião para parar as espirais de violência e os riscos que isto representa tanto para os palestinos como para os israelitas".

O Gabinete do Comité pelo Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino da Assembleia Geral das Nações Unidas condenou, numa declaração desta quinta-feira, a rusga pelas forças de ocupação israelitas no interior do Complexo da Mesquita Al-Aqsa/Al-Haram Al-Sharif, na terça-feira, que resultou em centenas de fiéis palestinos espancados, feridos e detidos, causando ao mesmo tempo danos na mesquita al-Qibli.
Esta violência é particularmente flagrante durante uma época de elevada sensibilidade religiosa com a observância do Ramadão, da Páscoa judaica e da Páscoa cristã, dizia a declaração.

"As políticas e práticas ilegais de Israel têm continuado a consolidar a sua ocupação ilegal do território palestino que ocupa desde 1967, incluindo Jerusalém Oriental, com a Faixa de Gaza severamente isolada sob um bloqueio de quase 16 anos", disse o Gabinete do Comité das Nações Unidas. "Desde o início de 2023, Israel aumentou as suas operações militares dentro do Território Palestino Ocupado, resultando na morte de pelo menos 95 palestinos, incluindo 17 crianças. O Gabinete apela à responsabilização por todas estas violações".

"O Gabinete acredita que uma paz justa e duradoura só será alcançada com o fim da ocupação de Israel, a realização dos direitos inalienáveis do povo palestino, incluindo dos refugiados palestinos, e a obtenção da solução de dois Estados de acordo com o direito internacional e os acordos do passado, resultando na independência do Estado da Palestina com Jerusalém Oriental como sua capital".

Condenação internacional generalizada

Do Bangladeche ao Canadá, da Alemanha à África do Sul, foram muitas as reacções aos violentos assaltos israelitas à mesquita Al Aqsa. Entre os apelos à contenção e a revolta indignada, nem os parceiros mais fiéis de Israel se coibiram de expressar a sua condenação.

A Arábia Saudita, com a qual Israel espera normalizar os laços, disse que a tempestade israelita no Al-Aqsa minou os esforços de paz.

Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, disse que a violência foi uma afronta aos esforços para acalmar as tensões.

"Condeno os actos vis contra a primeira qibla dos muçulmanos em nome do meu país e do meu povo, e apelo a que os ataques sejam travados o mais depressa possível", disse o presidente da Turquia, Recep Erdogan. "A Turquia não pode permanecer em silêncio face aos ataques. Chegar à Mesquita de Al-Aqsa e espezinhar a santidade do Haram al-Sharif é a nossa linha vermelha”.

Por seu lado, o Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, declarou: "A normalização com Israel começou, mas o nosso compromisso não pode ser à custa da causa palestina e dos nossos princípios. Estes ataques ultrapassaram o limite".

"Estamos extremamente preocupados com a retórica inflamada que sai do governo israelita, estamos preocupados com as reformas judiciais ... estamos preocupados com a violência em torno da Mesquita Al-Aqsa", disse o Primeiro-Ministro do Canadá Justin Trudeau.

"Precisamos de ver o governo israelita a mudar na sua abordagem, e o Canadá está a dizer isto como amigo caro e próximo e firme de Israel, estamos profundamente preocupados com a direcção que o governo israelita tem vindo a tomar".

A Jordânia, que actua como guardiã dos locais santos cristãos e muçulmanos de Jerusalém, sob um acordo de status quo em vigor desde a guerra de 1967, condenou a "flagrante" invasão do complexo por Israel.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Egipto apelou a uma paragem imediata do "ataque flagrante" de Israel aos fiéis de Al-Aqsa.

"Todos aqueles que têm influência na situação têm a responsabilidade de não deitar mais achas na fogueira e de fazer todo o possível para acalmar a situação", disse um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha. Era "essencial" que as autoridades israelitas e palestinas permanecessem em estreito contacto, bem como os funcionários jordanos, que administram a Mesquita de Al-Aqsa, acrescentou ele.

"Continuamos extremamente preocupados com a continuação da violência e exortamos todas as partes a evitar uma nova escalada", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América, John Kirby, aos repórteres. "É imperativo, agora mais do que nunca, que tanto os israelitas como os palestinos trabalhem em conjunto para desanuviar esta tensão e restaurar uma sensação de calma".

Na quinta-feira, o Departamento de Estado norte-americano manifestou preocupação com a violência em Jerusalém e apelou à "contenção" e à calma. "É absolutamente vital que a santidade dos locais sagrados seja preservada", disse o porta-voz, Vedant Patel. "Sublinhamos a importância de manter o status quo histórico nos locais sagrados em Jerusalém, e qualquer acção unilateral que nos ponha em risco o status quo é inaceitável".

O Catar advertiu numa declaração que as práticas israelitas "terão sérias repercussões na segurança e estabilidade na região, e minarão os esforços para reavivar o processo de paz estagnado, se a comunidade internacional não se apressar a tomar medidas".

Os Emirados Árabes Unidos também condenaram veementemente a invasão da Mesquita de Al-Aqsa pela polícia israelita, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros num comunicado."Os Emirados Árabes Unidos apelaram às autoridades israelitas para travarem a escalada e evitarem exacerbar a tensão e a instabilidade na região".

A Liga Árabe apelou ao Conselho de Segurança da ONU para intervir no sentido de pôr termo aos "crimes" israelitas no complexo da Mesquita Al-Aqsa. Numa declaração emitida após uma reunião de emergência no Cairo na quarta-feira, a Liga Árabe condenou as agressões israelitas: “Estes crimes escalaram perigosamente nos últimos dias do Ramadão, e levaram a centenas de feridos e detenções de fiéis, incursões e profanação deliberada da santidade da Mesquita de Al-Aqsa por funcionários israelitas extremistas e colonos sob a protecção das forças de ocupação”.

"A França expressa a sua preocupação com a violência das duas últimas noites na Mesquita de Al-Aqsa, incluindo dentro da Mesquita Qibli", declarou o Ministério francês para a Europa e os Negócios Estrangeiros em declaração à imprensa. O ministério apelou ao "respeito pelo status quo histórico nos locais santos de Jerusalém" e à "abstenção de qualquer acção susceptível de alimentar a violência".

"O Bangladeche acredita que a liberdade religiosa deve ser mantida como um direito humano fundamental e que o direito de praticar rituais religiosos, particularmente no mês santo do Ramadão, deve ser assegurado", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Bangladesh numa declaração à imprensa.

"O Bangladeche reitera o seu apoio aos direitos inalienáveis do povo da Palestina a uma pátria soberana e independente e reafirma a sua posição a favor do estabelecimento de um Estado independente da Palestina com base numa solução de dois Estados", disse a declaração.

O Primeiro-Ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, apelou à comunidade internacional, em particular ao Conselho de Segurança da ONU, para responsabilizar o regime israelita pelos "crimes hediondos". "A comunidade internacional deve exigir ao regime israelita que ponha imediatamente termo a quaisquer actos provocatórios no interesse da paz e da estabilidade", declarou Ibrahim."A Malásia continua a mostrar-se fortemente solidária com o povo da Palestina e reitera o estatuto de Al-Quds Al-Sharif (Jerusalém) como o local sagrado da ummah muçulmana".

O Governo da África do Sul condenou os actos violentos perpetrados pelas forças de ocupação israelitas contra os fiéis palestinos na Mesquita Al-Aqsa, apelando à calma e à retirada das forças israelitas da Mesquita Al-Aqsa. "A utilização de granadas atordoantes e gás lacrimogéneo em fiéis é injusta. Estas acções ameaçam o status quo internacionalmente acordado em relação a Jerusalém e aos seus locais sagrados", afirma numa declaração.

"Os fiéis muçulmanos palestinos têm o direito de praticar a sua religião em paz, sem medo ou intimidação da polícia israelita. A Mesquita Al-Aqsa pertence a todos os palestinos, árabes e muçulmanos, e não necessitam de autorização ou aprovação do governo israelita para entrar ou rezar na Mesquita", acrescenta. "Estas acções minam todos os esforços de paz e podem levar a uma explosão na região.”

"O Reino de Marrocos condena veementemente a incursão das forças israelitas na Mesquita Al-Aqsa, bem como a agressão e o terror contra os fiéis no mês santo do Ramadão", afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Marrocos num comunicado de imprensa.

"Marrocos, cujo soberano, o rei Mohammed VI, preside ao Comité Al Quds, salienta a necessidade de respeitar o estatuto jurídico, religioso e histórico de Al Quds e dos Lugares Santos e de evitar todas as práticas e violações susceptíveis de destruir todas as oportunidades de paz na região", acrescentou o Ministério. "O Reino reitera a sua rejeição de tais práticas, que apenas complicam e exacerbam a situação nos territórios palestinos ocupados e minam os esforços para aliviar as tensões e restaurar a confiança", concluiu.

O Presidente da República Islâmica do Paquistão, Arif Alvi, condenou hoje o ataque israelita contra aa Mesquita Al-Aqsa: "Condeno veementemente o ataque aos fiéis palestinos no interior da Mesquita Al-Aqsa pelas Forças Israelitas. Lamentavelmente, Israel não respeita quaisquer normas de humanidade, incluindo a santidade dos lugares religiosos".

"Vemos o auge da barbárie quando se atacam os fiéis de forma viciosa durante o mês sagrado do Ramadão", acrescentou, enquanto exortava a comunidade internacional a "condenar este acto brutal e desumano contra os devotos pacíficos".

O Ministro dos Negócios Estrangeiros e Ministro da Defesa da Irlanda, Micheál Martin, expressou profunda preocupação com o aumento da violência israelita nos territórios palestinos ocupados, particularmente a violência das forças israelitas na mesquita de al-Aqsa. "Israel como potência ocupante deve manter as suas obrigações e deve respeitar o status quo nos locais sagrados".

O governo do Zimbabué apelou a Israel para que retire incondicionalmente as suas forças de ocupação da Mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém ocupada e para que cesse todas as acções unilaterais.  O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Zimbabué salientou a necessidade de protecção máxima e incondicional ao povo palestino nos territórios ocupados, incluindo a garantia da liberdade de culto.
 

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