Israel prende dirigente palestina Khalida Jarrar e dezenas de militantes da FPLP
A dirigente política e ex-deputada palestina Khalida Jarrar foi novamente presa na madrugada desta quinta-feira pelas forças da ocupação israelita. A sua filha Yafa informou através do Twitter que a casa da família, em El Bireh, nos arredores de Ramala, foi assaltada às 3h da madrugada por mais de 70 soldados e 12 veículos militares.
A Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), de que Khalida Jarrar é dirigente, informou num comunicado que as forças de ocupação sionistas lançaram hoje uma campanha de prisões em larga escala de militantes seus, incluindo a ex-deputada e o dirigente Ali Jaradat, além de dezenas de quadros de diferentes partes da Cisjordânia ocupada.
No comunicado a FPLP exortou também a Autoridade Palestina e os seus serviços de segurança a interromperem todas as formas de coordenação de segurança com as forças de ocupação.
A advogada de Khalida Jarrar, Sahar Francis, da Addameer – Associação de Apoio e Direitos Humanos dos Presos, declarou ao jornal israelita Haaretz que a dirigente palestina foi levada para local desconhecido. O Haaretz adianta que a prisão foi efectuada pelo Shin Bet, o serviço de espionagem interno de Israel.
Khalida Jarrar voltou a ser detida apenas oito meses após ser libertada de uma prisão israelita, depois de passar 20 meses no regime de detenção administrativa, ao abrigo do qual Israel pode manter os palestinos encarcerados por períodos de até seis meses indefinidamente renováveis, sem julgamento nem culpa formada e sem sequer justificar os motivos da detenção.
Esta é a quarta vez que Khalida Jarrar é presa pelas autoridades de ocupação israelitas. A primeira vez foi em 1989, altura em que esteve detida um mês sem julgamento. Durante a sua segunda detenção, em 2014, foi condenada a 15 meses de prisão. Em 2017 foi presa pela terceira vez, sendo finalmente libertada em 28 de Fevereiro de 2019.
Como activista política, Khalida Jarrar tem-se focado nos direitos dos presos, na legislação social e na melhoria da condição das mulheres. Foi vice-presidente e directora executivo da Addameer e deputada ao Conselho Legislativo Palestino (parlamento), eleita em 2006 na lista da FPLP, liderada pelo seu secretário-geral, Ahmad Sa'adat, que desde 2008 cumpre uma pena de prisão de 30 anos nas cadeias de Israel.
Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo executivo da OLP, condenou a prisão de Khalida Jarrar, acrescentando: «Pedimos à comunidade internacional que assuma as suas responsabilidades e ponha fim à ilegal política de Israel de detenção arbitrária em massa de cidadãos palestinos. Pedimos igualmente uma condenação internacional inequívoca do uso ilegal da detenção administrativa por Israel, ao abrigo da qual as autoridades de ocupação detiveram pelo menos cinquenta e quatro mil homens, mulheres e crianças palestinas desde o início da ocupação, em 1967.»