Israel persiste nos seus crimes e quer arrastar toda região para a guerra
O MPPM condena os recentes assassínios por Israel de altos dirigentes de forças de resistência, os quais evidenciam um propósito de comprometer quaisquer esforços de construção da paz e de provocar uma guerra regional de consequências imprevisíveis.
O assassínio por Israel de Ismail Haniyeh, dirigente do movimento Hamas e ex-primeiro-ministro do Estado da Palestina, e de Fuad Shukur, comandante de primeiro plano do Hezbollah libanês (ao mesmo tempo que prossegue o bárbaro genocídio na Faixa de Gaza), põe mais uma vez em evidência o carácter criminoso, belicista e fora-da-lei do Estado sionista.
Os dois assassínios, realizados no espaço de doze horas, põem também em evidência que a questão palestina e a paz no Médio Oriente estão indissoluvelmente ligadas.
Os assassínios tiveram lugar nas capitais do Líbano e do Irão, e neste caso numa ocasião particularmente simbólica, a tomada de posse do novo presidente da República.
Trata-se de grosseiras violações da soberania destes países e de actos terroristas que configuram uma perigosa escalada (como afirmou o próprio secretário-geral da ONU, António Guterres) na trajectória há muito seguida por Israel de uma guerra regional no Médio Oriente.
O alvo de Israel, como os seus próprios dirigentes proclamam, é o Irão. Mas ao longo dos anos foram também atingidos todas as forças e países que na região se opõem aos desígnios expansionistas e belicistas de Israel e manifestam a sua solidariedade com o martirizado povo palestino: o Líbano (mais de 450 mortos e quase 1800 feridos no Sul do país, desde 8 de Outubro), a Síria (cujos montes Golã permanecem ocupados por Israel desde 1967), o Iémen, o Iraque, a Líbia.
O assassínio de Ismail Haniyeh, o principal representante do Hamas nas negociações para um cessar-fogo na Faixa de Gaza, revela também com meridiana clareza a hipocrisia de Israel nestas negociações: o seu verdadeiro objectivo é prosseguir a agressão e procurar arrastar o mundo para uma guerra contra o Irão, guerra que necessariamente se estenderá a todo o Médio Oriente, com repercussões incalculáveis ao nível mundial. Nunca é de mais recordar que Israel é a única potência nuclear do Médio Oriente, dispondo de centenas de ogivas no seu arsenal.
Está por apurar, apesar dos seus desmentidos, o real papel dos Estados Unidos nestes assassínios e nestas grosseiras violações do direito internacional. O que é certo é que sem o seu apoio sem falhas — aos níveis político, diplomático, financeiro, militar, de informações — não seria possível o prosseguimento por Israel da sua política sistemática de violação dos direitos humanos e políticos do povo palestino, de ocupação, de prisões e torturas, de limpeza étnica e de genocídio, e também de agressividade continuada e devastadora contra os países e povos da região. Os Estados Unidos, pode dizer-se, são não apenas cúmplices mas verdadeiros co-autores dos crimes de Israel.
Após o recente parecer do Tribunal Internacional de Justiça sobre a ilegalidade da ocupação por Israel dos territórios palestinos ocupados em 1967 (Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental) torna-se ainda mais irrecusável que Israel é um Estado fora-da-lei.
Ao mesmo tempo, Israel continua a aprofundar a colonização na Cisjordânia, a promover provocações (com especial incidência em Jerusalém) e a praticar impunemente todo o tipo de arbitrariedades e barbaridades contra os presos palestinos em seu poder.
Neste contexto, é cada vez mais inaceitável a actuação da União Europeia para com Israel. É intolerável a complacência, para não dizer cumplicidade, da UE ao manter em vigor o Acordo de Associação, quando o que se exige são medidas enérgicas para fazer cessar as violações dos direitos humanos e do direito internacional pelo Estado sionista.
Também Portugal não pode continuar a ignorar a realidade, alinhando-se objectivamente com o Estado agressor e violador do direito internacional. Portugal não pode continuar a manter relações «normais» com Israel (de que será exemplo, a confirmar-se, a notícia de uma reunião em Lisboa entre os ministérios da Saúde dos dois países, em Setembro, como denunciou o MPPM), fechando os olhos ao parecer do TIJ e ao genocídio em curso.
O MPPM reclama dos órgãos de soberania, e nomeadamente do governo, que Portugal se empenhe na procura de um cessar-fogo e da paz, e que como primeiro passo reconheça sem tardar o Estado da Palestina.
O MPPM reafirma a sua solidariedade às forças e países que no Médio Oriente enfrentam o terrorismo sionista e se colocam ao lado da causa do povo palestino.
O MPPM reafirma a sua solidariedade de sempre com a luta do povo palestino contra o genocídio israelita, contra a ocupação, por uma solução da questão dos refugiados segundo as resoluções pertinentes da ONU, por uma Palestina independente e soberana, tendo Jerusalém Oriental por capital.
2 de Agosto de 2024
A Direcção Nacional do MPPM