Israel mata um palestino e fere muitos outros para proteger colonato ilegal

Um homem palestino foi hoje morto e muitos outros feridos a tiro quando as forças de ocupação israelitas atacaram centenas de palestinos que se manifestavam contra a construção por Israel de um posto avançado de colonização ilegal perto da aldeia de Beita, distrito de Nablus, na Cisjordânia ocupada, noticia a agência Wafa.

Emad Ali Dwaikat, 37 anos, pai de cinco filhos, foi morto a tiro, enquanto pelo menos 20 outros, incluindo um operador de câmara, sofreram ferimentos provocados por tiros de fogo real durante os confrontos. Muitos outros manifestantes sofreram asfixia devido à inalação de gás lacrimogéneo.

Há mais de quatro meses que a aldeia de Beita tem testemunhado protestos quase diários contra a construção por Israel de um posto avançado de colonização ilegal perto da aldeia, chamado Evaytar, erguido em terras de propriedade palestina.

Por ordem judicial, os colonos desocuparam o colonato em 2 de Julho, mas ficou guardado por forças israelitas, que impedem o acesso dos palestinos à suas terras, aguardando a decisão das autoridades israelitas sobre se o terreno pode ser classificado como «terra do Estado» e se pode ser estabelecido no local um seminário religioso judeu.

Emad Ali Dwaikat é o sexto palestino morto pelas forças israelitas desde o estabelecimento do colonato, no início de Maio.

Diplomatas europeus visitaram Beita e condenaram violência dos colonos

Os Chefes de Missão europeus e os representantes dos Estados-membros do Consórcio de Protecção da Cisjordânia (WBPC) e países afins visitaram ontem, quinta-feira, a aldeia de Beita. A delegação incluía chefes de missão e representantes da Bélgica, Dinamarca, União Europeia, Finlândia, França, Alemanha, Itália, Lituânia, Holanda, Noruega, Eslovénia, Espanha, Suécia, e Reino Unido.

Uma declaração da delegação e da Irlanda disse que a visita teve lugar em resposta às crescentes preocupações - na Cisjordânia e em Beita em particular - sobre o aumento do nível de violência dos colonos e para abordar a preocupante questão do estabelecimento de um posto avançado de colonização ilegal no cimo do monte Jabal Sabih, na periferia da aldeia de Beita.

Todos os participantes reiteraram a sua oposição forte e contínua à política de colonatos de Israel e às acções tomadas neste contexto, disse a declaração. Recordaram como Israel, enquanto potência ocupante, está obrigado a proteger a população palestina de ataques. Ao abrigo do direito internacional, Israel tem a obrigação de manter a ordem pública de forma imparcial e de proteger os palestinos e os seus bens.

Os colonos e outros responsáveis por crimes contra palestinos devem ser responsabilizados, as actividades criminosas devem ser minuciosamente investigadas e os relatórios levados ao conhecimento das autoridades israelitas pelos palestinos devem ser analisados, acrescentou a declaração. Israel deve tomar todas as medidas necessárias para assegurar uma prevenção eficaz e proteger os palestinos contra a violência cometida pelos colonos.

A Cônsul Geral britânica, Diane Corner, afirmou: «Condenamos qualquer incidência de violência por parte dos colonos contra os palestinos. Instamos as autoridades israelitas a abordar a violência dos colonos e a investigar exaustivamente cada incidente para levar os responsáveis à justiça e acabar com a cultura da impunidade.» E acrescentou: «A posição do Reino Unido sobre os colonatos é clara: são ilegais à luz do direito internacional, representam um obstáculo à paz e ameaçam a viabilidade física de uma solução de dois Estados.»

O Representante da União Europeia, Sven Kühn von Burgsdorff, declarou também através do seu representante: «Durante meses, o povo de Beita esteve exposto a graves incidentes de violência de colonos e à construção de um posto avançado ilegal israelita no Monte Sabih, que corre o risco de capturar até 30 por cento das terras de Beita. Estes desenvolvimentos têm deixado muitas famílias a sofrer. Vários palestinos perderam as suas vidas, incluindo duas crianças. A política de construção e expansão de colonatos em território palestino ocupado, incluindo em Jerusalém Oriental, é ilegal à luz do direito internacional, e Israel deve proteger a população palestina destes ataques violentos.»

De acordo com o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), o número total de ataques de colonos em toda a Cisjordânia que resultaram em ferimentos e/ou danos materiais em 2021 aumentou 46% em comparação com o mesmo período em 2020.

Entretanto, o Yesh Din, uma organização israelita de direitos humanos, revelou que 96 por cento das investigações das autoridades israelitas sobre actos de violência dos colonos não conduzem à apresentação de uma acusação.
 

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