Israel ignora palestinos na prevenção da Covid 19
Quinze organizações de saúde e direitos humanos israelitas, palestinas e internacionais instam Israel a fornecer as vacinas Covid 19 necessárias aos sistemas de saúde palestinos.
Adalah, Amnistia Internacional, B’Tselem, Gisha, Rabinos pelos Direitos Humanos e Médecins du Monde são algumas das organizações que subscreveram um documento em que manifestam a sua preocupação por o Ministério da Saúde de Israel ainda não ter divulgado a política de alocação de vacinas de qualidade aos Territórios Palestinos ocupados.
Recordam que o Artigo 56.º da Quarta Convenção de Genebra estabelece especificamente que o ocupante tem o dever de garantir «a adopção e aplicação das medidas profilácticas e preventivas necessárias para combater a propagação de doenças contagiosas e epidemias».
Portanto, Israel tem o dever de fornecer apoio para a compra e distribuição de vacinas para a população palestina sob seu controle, e essas vacinas devem cumprir os mesmos padrões de aprovação que as distribuídas para a população israelita.
Entendem também as organizações signatárias que, uma vez que a falta de meios da Autoridade Palestina para comprar e distribuir vacinas é uma consequência directa das restrições de longo prazo impostas pela ocupação e pelo bloqueio, Israel deve fornecer os fundos necessários, como parte de suas obrigações legais.
A finalizar, apelam à suspensão do bloqueio à Faixa de Gaza para permitir o funcionamento adequado de seu sistema de saúde em face da pandemia do coronavírus.
Presos palestinos em risco
No passado domingo, a Ministra da Saúde da Palestina, Mai Alkaila alertou para um surto iminente de COVID-19 nas prisões israelitas, onde centenas de prisioneiros políticos palestinos estão actualmente detidos, devido à sobrelotação e à falta de distanciamento.
Alkaila responsabilizou as autoridades de ocupação israelitas pelas vidas dos prisioneiros, especialmente na prisão de Naqab, onde mais de 1200 palestinos estão actualmente encarcerados, incluindo idosos e doentes.
Desde o início da pandemia, um total de 140 prisioneiros palestinos testaram positivo para o coronavírus. Estima-se que, dos cerca de 4500 presos políticos palestinos detidos por Israel, 700 estão doentes, 300 dos quais com doenças crónicas e graves, como cancro, e precisam de assistência médica.
Soube-se também, na semana passada, que o Ministro de Segurança Pública de Israel, Amir Ohana, emitiu uma directiva que bloqueia a vacinação dos palestinos detidos por Israel, restringindo-a apenas a funcionários prisionais.
Esta directiva contraria as orientações do próprio Ministério da Saúde israelita, que havia enviado anteriormente uma carta ao Ministério da Segurança Pública determinando que as vacinas deviam ser fornecidas a quem estivesse em grupos de alto risco e a indivíduos com mais de 60 anos, especificando que os serviços prisionais deviam vacinar os prisioneiros sob sua custódia de acordo com esses padrões.
Pandemia não trava prepotência
A pandemia Covid 19 não tem refreado Israel na sua escalada de agressão aos direitos dos palestinos, sendo algumas das acções especificamente dirigidas a pessoal e equipamentos médicos palestinos.
Algumas dessas situações foram referidas pelo MPPM:
- Nos 12 anos da operação «Chumbo Fundido», Israel ataca hospitais em Gaza e na Cisjordânia
- Israel provoca a destruição de 100 000 zaragatoas para teste de Covid 19 destinadas à Palestina
- Israel destrói posto de controlo anti-covid em Jenin
- Colonos em quarentena do Covid-19 atacam campistas palestinos e incendeiam os seus carros
- Soldados e colonos israelitas suspeitos de espalhar o coronavírus nas populações palestinas
- Israel confisca tendas destinadas a uma clínica no norte da Cisjordânia