Israel destrói posto de controlo anti-covid em Jenin
Soldados israelitas destruíram ontem um posto de controlo anti-coronavírus criado pelas autoridades palestinas à entrada da cidade de Jenin, no norte da Cisjordânia, a fim de conter a propagação da doença.
A agência Wafa noticiou que os soldados invadiram a cidade e o seu campo de refugiados para prender activistas quando eclodiram confrontos com residentes. Os soldados abriram fogo sobre os palestinos ferindo um na perna antes de deixarem a área depois de deterem duas pessoas e destruírem o posto de controlo sanitário.
Com toda a impunidade, Israel tem alienado as obrigações que o direito humanitário internacional lhe impõe, enquanto potência ocupante, no que respeita à saúde e bem-estar dos habitantes dos territórios ocupados. Mas, indo mais além que a omissão de socorro, Israel empenha-se em minar os esforços palestinos para combater a pandemia.
Em Março passado, como o MPPM então referiu, funcionários israelitas escoltados por militares, deslocaram-se à comunidade palestina de Khirbet Ibziq, no norte do Vale do Jordão, onde confiscaram diversos materiais e equipamentos destinados à montagem de tendas para uma clínica de campanha e para alojamento de emergência dos residentes evacuados de suas casas.
Em 15 de Abril, soldados israelitas invadiram e encerraram uma clínica de testes de coronavírus no bairro de Silwan, na Jerusalém Oriental ocupada, e prenderam quatro pessoas. Segundo o jornal israelita Haaretz esta acção ter-se-á devido à colaboração da clínica com a Autoridade Palestina que forneceu os kits de teste do coronavírus. Israel foi acusado de não realizar os testes nem permitir que outros os realizassem.
Apesar da vulnerabilidade criada pela pandemia, Israel atingiu, em Junho, um pico na demolição de casas palestinas na Cisjordânia, que deixou 151 palestinianos, incluindo 84 menores, sem abrigo.
Só em Junho, Israel demoliu 30 casas palestinas na Cisjordânia (não incluindo Jerusalém Oriental) - o mesmo número foi demolido nos primeiros cinco meses doa ano. As demolições de Junho deixaram 100 palestinos, 53 dos quais menores, desalojados. Nesse mês, Israel também demoliu 33 estruturas não-residenciais.
Israel também aumentou significativamente as demolições em Jerusalém Oriental em Junho, deixando 51 pessoas, incluindo 31 menores, desalojadas. O número de casas demolidas (13) é o dobro da média mensal nos primeiros cinco meses de 2020.
O mundo está a braços com uma crise sanitária sem precedentes, mas as autoridades israelitas continuam a investir tempo e esforço no abuso das comunidades palestinas, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, como parte do programa de colonização dos territórios ocupados.
À presente escalada não será alheio o projecto de Benjamin Netanyahu de concretizar a anexação de quase um terço do território da Cisjordânia ocupada.