Israel destrói casas palestinas em Sur Baher, na Cisjordânia ocupada
Centenas de soldados israelitas invadiram esta segunda-feira a localidade palestina de Sur Baher, na Cisjordânia ocupada, perto de Jerusalém Oriental, para proceder à demolição de 10 prédios com cerca de 70 apartamentos.
Na madrugada de segunda-feira, as forças de ocupação israelitas entraram em Sur Baher e começaram a expulsar os moradores, preparando o terreno para buldózeres e escavadoras demolirem os prédios.
A maioria dos apartamentos estão ainda em construção, mas responsáveis da ONU informaram que no imediato 17 pessoas ficarão sem abrigo.
Israel alega que os 10 prédios ficam demasiado próximos da chamada «barreira de separação» e por isso representam um risco de segurança para as forças armadas israelitas que operam ao longo dela.
Sur Baher é atravessado pela «barreira de separação», e a parte agora alvo das demolições ficou do seu lado ocidental, a que se chama impropriamente «lado israelita», apesar de se localizar na Cisjordânia.
Os prédios encontram-se nas áreas A e B da Cisjordânia ocupada, administradas pela Autoridade Palestina ao abrigo dos acordos de Oslo, e os moradores dispunham de licenças de construção passadas pela AP.
A «barreira de separação» (que na sua maior parte é um muro de betão com 8 m de altura) está em 85% do seu percurso dentro do território palestino ocupado, não seguindo a chamada «linha verde» que marca os limites entre Israel e a Cisjordânia.
Como os palestinos alertaram inúmeras vezes, o traçado do muro visa a efectiva anexação de partes da Cisjordânia ocupada, com a limpeza étnica da respectiva população. O caso de Sur Baher é uma clara evidência disso.
Para mais, esta demolição faz parte dos planos sionistas sobre o futuro de Jerusalém, cujos mais de 300 mil palestinos são alvo de persistentes tentativas de expulsão com vistas à total «judaização» da cidade.
Os palestinos consideram que a demolição dos prédios, a pretexto de se encontrarem perto da «barreira de segurança» — que serpenteia pela Cisjordânia ao longo de mais de 700 quilómetros — abre um perigoso precedente para outras localidades.
Jamie McGoldrick, Coordenador Humanitário da ONU, Gwyn Lewis, Directora de Operações da UNRWA na Cisjordânia, e James Heenan, Chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU na zona, advertem num comunicado que «a destruição da propriedade privada em território ocupado só é permissível quando for absolutamente necessária para operações militares», o que claramente não é o caso.
Os altos responsáveis da ONU recordam ainda que em 2004 o Tribunal Internacional de Justiça deliberou, numa opinião consultiva, contra a construção da «barreira de segurança».
Além disso, numa resolução de 20 de Julho de 2004, a Assembleia Geral da ONU exigiu que Israel cumprisse as suas obrigações legais, conforme afirma a opinião consultiva da CIJ.
«Se tivesse havido uma ação concreta para garantir o respeito desses princípios, e do direito internacional humanitário e dos direitos humanos em geral, as pessoas de Sur Baher não estariam a sofrer o trauma de hoje nem as violações dos seus direitos», conclui o comunicado.
Foto: Ahmad Gharabli/AFP