Israel destrói aldeia de al-Araqib pela 139.ª vez, planeia expulsar 36 000 beduínos das suas aldeias no Neguev

A aldeia beduína de al-Araqib foi demolida por Israel na manhã desta quinta-feira, pela 139.ª vez. A aldeia, situada no deserto de Neguev/Naqab, no Sul de Israel, não é reconhecida pelas autoridades sionistas.

Dezenas de soldados e polícias israelitas e pessoal da chamada «Autoridade para o Desenvolvimento do Neguev» invadiram a aldeia, escoltando buldózeres e veículos que demoliram as tendas, celeiros e barracões.

Mulheres, crianças e idosos da aldeia foram evacuados e deixados sem abrigo, apesar do tempo frio. O chefe do comité popular da aldeia e três mulheres foram detidos pelas forças israelitas, sendo libertados algumas horas após a demolição.

As demolições de al-Araqib são realizadas na tentativa de forçar a população beduína a mudar-se para aldeamentos designados pelo governo israelita.

Já no passado dia 25 de Dezembro, um morador de Al-Araqib, o xeque Sayeh Abu-Madi'am, de 69 anos, deu entrada na prisão de Ma'asiyahu em Ramle, para cumprir uma pena de 10 meses de prisão por «invasão de terras». Abu-Madi'am é um destacado activista da luta dos beduínos e é provavelmente o primeiro membro da comunidade a ir para a cadeia devido à sua luta para que o Estado sionista reconheça a posse da terra pela comunidade beduína no Negev/Naqab.

Por outro lado, o ministro israelita da Agricultura e Desenvolvimento do Neguev, Uri Ariel, completou um vasto plano para expulsar cerca de 36 000 palestinos beduínos das suas aldeias não reconhecidas. A ser aprovado, a aplicação do plano deverá começar este ano e será concluída no prazo de quatro anos.

As áreas beduínas confiscadas são estimadas em 26 000 hectares, segundo o jornal israelita Israel Today. Sobre as ruínas das aldeias as autoridades israelitas vão expandir a «Estrada Trans-Israel» (Estrada n.º 6). Segundo o plano, o desalojamento começará este ano, devendo estar finalizado em 2021.

As aldeias beduínas «não reconhecidas» não aparecem nos mapas oficiais de Israel, os moradores não têm endereços e as autoridades israelitas não lhes fornecem serviços básicos como água e electricidade. As autoridades não reconhecem os seus direitos sobre a terra e consideram-nos «infractores» que ocupam «terras estatais».

Essas aldeias «não reconhecidas» foram criadas no Neguev/Naqab pouco depois da criação do Estado de Israel, por ocasião da qual cerca de 750 000 palestinos foram expulsos de suas casas e se tornaram refugiados.

Muitos dos beduínos foram transferidos à força para os locais das aldeias durante os 17 anos em que os palestinos que permaneceram dentro de Israel estiveram sob regime militar. Este regime só terminou pouco antes de em 1967 Israel ocupar militarmente a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.

 

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