Israel dá oito dias aos residentes de Khan al-Ahmar para evacuar a aldeia

A aldeia de Khan al-Ahmar. Foto: REUTERS/Mohamad Torokman

Israel intimou hoje, domingo, os residentes na aldeia palestina de Khan al-Ahmar, na Cisjordânia ocupada, a demolirem as suas casas e abandonarem a área antes do início de Outubro.
Khan al-Ahmar é uma aldeia habitada por cerca de 200 beduínos que vivem da criação de ovelhas e cabras e constituída por precárias construções de lata e madeira, numa encosta deserta a poucos quilómetros de Jerusalém, entre dois grandes colonatos israelitas ilegais, Maale Adumim e Kfar Adumim, que o governo israelita quer expandir.
Os aldeões peretencem à tribo Jahalin, que foi expulsa das suas terras no deserto de Naqab (Negev) pelas forças militares israelitas na década de 1950. Foram desalojados mais duas vezes antes de se estabelecerem em Khan al-Ahmar, muito antes de existirem os colonatos que hoje a rodeiam.
Israel planeia demolir a aldeia e realojar os seus moradores num local a 12 quilómetros de distância, perto da aldeia palestina de Abu Dis e adjacente a uma lixeira.
Hoje de manhã, forças de segurança israelitas entregaram cartas aos moradores ordenando-lhes que derrubassem voluntariamente as construções até ao dia 1 de Outubro; caso contrário, as autoridades israelitas poriam em prática as ordens de demolição.
No início deste mês, o Supremo Tribunal de Israel rejeitou um recurso contra a demolição de Khan al-Ahmar e decidiu a sua evacuação e demolição. O pretexto é que a aldeia foi construída em terras do Estado (Israel declara terras do Estado terrenos que arbitrariamente considera «abandonados») e sem uma licença passada pelas autoridades israelitas, cuja obtenção é praticamente impossível.
O carácter discriminatório e racista da decisão é sublinhado pelo facto de Israel ter aprovado recentemente uma lei que permite a legalização retroactiva dos «postos avançados», colonatos judaicos na Cisjordânia ocupada, construídos sem autorização e que o próprio direito israelita considera ilegais.
A evacuação e demolição de Khan al-Ahmar e de outras comunidades beduínas no chamado corredor E1 visa criar um arco de colonatos que efectivamente isolaria Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital do seu futuro Estado independente, do resto da Cisjordânia ocupada, que ficaria cortada em dois.
Uma delegação de deputados ao Parlamento Europeu que visitou Khan al-Ahmar no início desta semana alertou: «A transferência forçada de pessoas sob ocupação é uma violação grave da Quarta Convenção de Genebra e é considerada um crime de guerra.»

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