Israel confirma planos para criar 22 novos colonatos na Cisjordânia ocupada
Enquanto dirigentes mundiais continuam a afirmar o seu estéril compromisso com a «solução dos dois Estados», Israel prossegue a sua inexorável ocupação da Cisjordânia, com uma «jogada estratégica que impede o estabelecimento de um Estado palestino que colocaria Israel em perigo», nas palavras do ministro da Defesa de extrema-direita, Israel Katz.
O governo de Israel afirmou que irá estabelecer 22 novos colonatos na Cisjordânia ocupada, incluindo a legalização de postos avançados já construídos sem autorização do governo. Desde a guerra dos seis dias de 1967, Israel transferiu mais de 700.000 colonos para a Cisjordânia e para Jerusalém Oriental. Em Maio de 2023, ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, que vive no colonato ilegal de Kedumim, na Cisjordânia, deu instruções ao governo israelita para se preparar para a mudança de mais 500.000 colonos para a Cisjordânia ocupada.
Segundo a ONG israelita Peace Now, em Julho passado, Israel aprovou a maior apreensão de terras na Cisjordânia ocupada em mais de três décadas. Na altura, o governo aprovou a apropriação de 12,7 km² de terras no vale do Jordão, indicando que era «a maior apropriação única aprovada desde os acordos de Oslo de 1993». Smotrich terá revelado que as confiscações de terras em 2024 foram dez vezes superiores à média dos anos anteriores.
Mike Huckabee, o novo embaixador do Estados Unidos em Israel, disse numa entrevista no ano passado: «Quando as pessoas usam o termo “ocupado” [referindo-se à Cisjordânia], eu digo: “Sim, Israel está a ocupar a terra, mas é a ocupação de uma terra que Deus lhes deu há 3.500 anos. É a terra deles”».
O parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), emitido em 19 de Julho de 2024, declara que a ocupação israelita do território palestino é ilegal na sua essência e deve chegar ao fim, com a retirada total das forças militares israelitas do território palestino e impõe obrigações de não-cooperação aos Estados, reiteradas na resolução da Assembleia Geral da ONU de 13 de Setembro de 2024.
O anúncio da construção de novos colonatos surge apenas algumas semanas antes da conferência internacional de alto nível, liderada conjuntamente pela França e pela Arábia Saudita nas Nações Unidas, com o objectivo de chegar a um acordo sobre uma solução de dois Estados para a questão palestina.