Israel cede a pressão internacional, adia demolição de Khan al-Ahmar
Israel anunciou hoje que vai adiar por «várias semanas» a demolição da aldeia palestina de Khan al-Ahmar, na Cisjordânia ocupada, que tem sido alvo das atenções internacionais nos últimos meses. No entanto, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou a decisão de evacuar a aldeia.
Israel decidiu a demolição da aldeia, alegando vez que foi construída sem as devidas autorizações das autoridades. Mas na prática é impossível os palestinos obterem as autorizações de construção.
A poucos quilómetros de Jerusalém, a aldeia consiste em precárias construções de lata e madeira e é habitada por 180 beduínos. Encontra-se localizada entre dois grandes colonatos israelitas ilegais, Maale Adumim e Kfar Adumim, que o governo israelita quer expandir.
A evacuação e demolição de Khan al-Ahmar e de outras comunidades beduínas no chamado Corredor E1 visa criar um arco de colonatos que efectivamente isolaria Jerusalém Oriental, que os palestinos reivindicam como capital do seu futuro Estado independente, do resto da Cisjordânia ocupada, que ficaria cortada em dois.
Israel planeava deslocar os moradores de Khan al-Ahmar para um local a 12 quilómetros de distância, perto da aldeia palestina de Abu Dis e adjacente a um aterro sanitário.
Os habitantes foram intimados a evacuar voluntariamente a aldeia até 1 de Outubro. Caso contrário, seriam forçados a fazê-lo pelas forças israelitas. Neste momento Khan al-Ahmar está vedada e encontram-se no local máquinas destinadas a arrasar a aldeia.
Nas últimas semanas avolumou-se o coro de solidariedade internacional e somaram-se condenações à anunciada demolição.
Em 17 de Outubro, a procuradora do Tribunal Penal Internacional, Fatou Bensouda, numa declaração sobre Khan al-Ahmar, afirmou que a transferência de população num território ocupado constitui um crime de guerra. Já anteriormente a ONU expressou a sua preocupação e condenação, e o mesmo fizeram a UE e vários países europeus, bem com organizações de defesa dos direitos humanos.
Em Portugal, salienta-se o voto de condenação aprovado na Assembleia da República.
Entretanto, Walid Assaf, ministro da Autoridade Palestina, responsável do Comité Nacional para Resistir ao Muro e aos Colonatos, confirmou que activistas palestinos e internacionais vão continuar a manter uma vigilância permanente em Khan al-Ahmar para proteger os seus moradores.
Domingo, 21 Outubro, 2018 - 23:58