Israel avança na anexação da Cisjordânia ocupada com a declaração de sete «reservas naturais»
O ministro da Defesa de Israel, o ultra-sionista Naftali Bennett, anunciou nesta quarta-feira a transformação de sete áreas da Cisjordânia em «reservas naturais» israelitas, como parte de sua política para reforçar a colonização do território.
É a primeira vez desde os Acordos de Oslo de 1994 que são anunciadas novas reservas naturais nesta zona. Além disso, serão ampliadas outras doze já existentes.
Bennett declarou na semana passada que na próxima década Israel quer duplicar a população dos seus colonatos na Cisjordânia, atingindo um milhão de colonos em território palestino, e defendeu que a chamada «zona C» pertence a Israel.
Os acordos de Oslo dividiram a Cisjordânia em três zonas: A, B e C. Esta última constitui cerca de 60% da Cisjordânia e está sob total controlo administrativo e militar de Israel. Embora teoricamente a zona A esteja sob controlo da Autoridade Palestina e a zona B sob controlo partilhado, de facto estão as duas também sob o domínio do ocupante sionista.
«Dei instruções para que sete locais na Judeia-Samaria [nome que os sionistas dão à Cisjordânia] sejam reservas naturais», afirmou Bennett, que é líder do partido Nova Direita.
Segundo a ONG israelita Peace Now, que monitoriza a colonização israelita nos territórios palestinos ocupados, estas reservas somam cerca de 5300 hectares, dos quais 40% são terras palestinas privadas.
Segundo as leis israelitas sobre as reservas naturais, os palestinos seriam proibidos de cultivar as suas próprias terras, afirma Hagit Ofran, da Peace Now. «Se for uma reserva natural, é possível arrancar as árvores e dizer-lhes que precisam de uma autorização especial para qualquer actividade agrícola», acrescenta a dirigente da ONG. «Agora será mais fácil expulsar de lá os palestinos.»
O anúncio de Naftali Bennett inscreve-se na política de «anexação rastejante» da Área C, que vem sendo prosseguida desde há anos e que o ainda primeiro-ministro Benjamin Netanyahu promete apressar, tendo nomeadamente prometido anexar o Vale do Jordão, uma das partes mais férteis e estratégicas da Cisjordânia.
Israel ocupou a Cisjordânia, Jerusalém Oriental e a Faixa de Gaza, além dos Montes Golã sírios, na Guerra de 1967. Mais de 600 000 colonos israelitas vivem agora nos territórios ocupados da Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Em Novembro passado, o governo dos Estados Unidos rompeu com o consenso internacional ao declarar que os colonatos não são contrário ao direito internacional.
A verdade, porém, é que os colonatos, todos e cada um, são considerados ilegais pelo direito internacional. Ainda em 2016, a resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU exigiu a cessação completa da construção de colonatos, apontando-os como uma violação do direito internacional e um grande obstáculo à paz no Oriente Médio.
Foto: Hazem Bader/AFP