Israel aprova construção de novo colonato pela primeira vez desde há mais de 25 anos

Israel desencadeou vivas críticas dos palestinos e da comunidade internacional ao aprovar em 30 de Março a criação de um novo colonato em pleno coração da Margem Ocidental ocupada. Trata-se do primeiro colonato criado por um governo israelita desde 1991, segundo informa a ONG israelita Paz Agora, que se dedica à monitorização da colonização israelita nos territórios palestinos ocupados.
O novo colonato, denominado Emek Shilo, situar-se-á perto do colonato já estabelecido de Shilo, no distrito de Ramala, na Margem Ocidental ocupada.
O jornal israelita Haaretz, citando um comunicado do gabinete do primeiro-ministro de Israel, diz que esta decisão faz parte de uma promessa de Benjamin Netanyahu às cerca de quarenta famílias de colonos do posto avançado «ilegal» de Amona, evacuado em Fevereiro após decisão da justiça israelita, por se encontrar situado em terrenos particulares palestinos.
De acordo com números fornecidos pela ONU, actualmente pelo menos 570.000 colonos israelitas vivem em cerca de 130 colonatos e 100 postos avançados na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental ocupados. À luz do direito internacional, todos os colonatos e postos avançados na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental são ilegais, como recentemente reafirmou a resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU.
O secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Saeb Erekat, acusou Israel de continuar a «destruir as perspectivas de paz», prosseguindo «o roubo de terras e de recursos naturais». Hanan Ashrawi, membro do Comité Executivo da OLP, denunciou a persistência da política israelita de «colonialismo, apartheid e limpeza étnica»; Israel está mais interessado nas garantias a dar aos colonos do que na procura da paz, afirmou.
O Movimento Islâmico de Resistência (Hamas) também divulgou uma declaração, dizendo que Israel se «revoltou» contra as resoluções internacionais que repetidamente rejeitaram a o movimento de colonização israelita e sublinhou a sua ilegalidade ao abrigo do direito internacional.
Por seu lado, o secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou-se «alarmado» e repetiu que para as Nações Unidas a colonização constitui «um obstáculo à paz» entre israelitas e palestinos. Condenou «todas as acções unilaterais» que «minam a solução de dois Estados».
As decisões tomadas no dia 30 de Março ocorrem ao mesmo tempo que o governo israelita procura chegar a um acordo com a Casa Branca que lhe permita continuar a construir nos territórios ocupados e por conseguinte satisfazer os defensores da colonização.
A administração estado-unidense afirma estar a procurar os meios para relançar o moribundo «processo de paz». Porém, a chegada ao poder de Donald Trump, considerado mais favorável às posições israelitas do que o seu antecessor, já deu lugar por parte de Israel a cinco anúncios de extensão de colonatos, totalizando mais de 6000 alojamentos na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental ocupados.
Segundo a Paz Agora, o novo colonato prosseguirá a fragmentação do território palestino, comprometendo a contiguidade e, portanto, a viabilidade de um futuro Estado palestino. O governo israelita aprovou igualmente o começo da venda de 2000 alojamentos em colonatos da Margem Ocidental, dos 5700 cuja construção tinha sido aprovada há dois meses. Além disso, a Paz Agora referiu a próxima apropriação pelo Estado israelita de 97 hectares de terras nos territórios ocupados, o que vai permitir o reconhecimento retroactivo de três postos avançados «ilegais», ou seja, construídos sem autorização das autoridades israelitas, mas beneficiando das infra-estruturas e da protecção militar do Estado sionista.
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