Israel apresa segundo barco da Flotilha da Liberdade com ajuda humanitária para Gaza

A Marinha israelita capturou na madrugada de sábado o veleiro sueco Freedom (Liberdade), o segundo barco da Flotilha da Liberdade que procura romper o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza. Transportando ajuda humanitária, o Freedom foi apresado quando se encontrava a cerca de 40 milhas náuticas (74 km) da costa do território palestino. Os 12 ocupantes da embarcação foram levados para o porto israelita de Ashdod, prevendo-se que sejam posteriormente deportados. 
Já no domingo passado a Marinha israelita tinha apresado, a 50 milhas náuticas do enclave, um outro barco da Flotilha da Liberdade, o Al Awda (O Retorno), de bandeira norueguesa, a bordo do qual viajavam 22 pessoas. 
As forças armadas de Israel afirmam que actuaram de acordo com o direito internacional, mas as águas territoriais estendem-se apenas até às 12 milhas náuticas, mais uma zona de inspecção contígua equivalente. Ou seja, tratou-se  de facto de um acto de pirataria pondo em causa a liberdade de navegação.
As embarcações da flotilha — além do Al Awda e do Freedom, dois pequenos veleiros que participaram na missão até Palermo — partiram da Escandinávia em meados de Maio e atracaram em 28 portos, realizando acções de solidariedade por um Futuro Justo para a Palestina. 
O MPPM foi uma das organizações portuguesas que, entre 19 e 22 de Junho, promoveram actividades de solidariedade na zona de Lisboa com a participação dos tripulantes do Al Awda e do Freedom, que se encontravam atracados em Cascais. 
Em 2010, o ferry turco Mavi Marmara, que fazia parte da Flotilha da Liberdde, foi assaltado por comandos navais israelitas, com um saldo de 10 mortos e dezenas de feridos. 
Israel impõe desde há doze anos um brutal bloqueio terrestre, naval e aéreo à Faixa de Gaza, agravado pelas três agressões militares entre 2008 e 2104, com um saldo de milhares de mortos e feridos e destruições materiais imensas.
É catastrófica a situação humanitária dos dois milhões de palestinos literalmente aprisionados nos 365 km2 do enclave. Dois terços da população, 75% da qual é constituída por refugiados, sobrevive com ajuda da UNRWA (agência da ONU para os refugiados palestinos). O desemprego atinge 45%, a energia eléctrica só é forecida quatro horas por dia e 90% dos aquíferos estão poluídos. As Nações Unidas prevêem que a Faixa deixará de ser habitável até 2020.
Israel tem intensificado nos últimos tempos as medidas de bloqueio, numa gigantesca punição colectiva pelo prosseguimento da Grande Marcha do Retorno. Esta campanha de manifestações, que dura desde 30 de Março, exige o fim do bloqueio israelita e o direito de retorno dos refugiados palestinos às terras de onde foram expulsos na limpeza étnica que acompanhou a formação do Estado de Israel, em 1948. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 156 palestinos foram mortos e 17.350 foram feridos pelas forças israelitas desde o início da Grande Marcha de Retorno. 
Print Friendly, PDF & Email
Share