Intervenção do MPPM no acto público contra Cimeira da NATO

O MPPM associou-se ao CPPC, à CGTP-IN, ao MDM e outras organizações na campanha contra a Cimeira da NATO que vai ter lugar em Varsóvia. 
A campanha culminou com um acto público na Rua do Carmo, em Lisboa, no dia 8 de Julho. Este é o texto da intervenção do representante do MPPM, José Oliveira:
 
Caras amigas, caros amigos:
O MPPM – Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente – considera que a justa solução da questão palestina é indissociável da questão da paz no Médio Oriente e até da questão da paz a nível mundial. Como talvez nunca antes no passado, esta afirmação assume hoje uma dramática actualidade. Depois de guerras de agressão que destruíram Estados soberanos, laicos e desenvolvidos, a região mergulhou num clima de turbulência e caos.
Soube-se recentemente que Israel vai aceitar o convite da NATO para abrir uma missão permanente na sede deste bloco político-militar. A NATO emitiu uma declaração dizendo que «Israel é um parceiro muito activo da Aliança como membro do Diálogo Mediterrânico da NATO, formado em Dezembro de 1994».
Desde o início da nova política de parcerias da NATO, em 2014, que Israel foi formalmente convidado. Porém, para uma colaboração deste tipo com países que não são membros da Aliança, como é o caso de Israel, é necessário o acordo unânime de todos os membros da NATO.A Turquia, membro da NATO desde 1952, opunha-se, na sequência do assalto por Israel ao navio Mavi Marmara, em que morreram nove turcos. Porém, em negociações secretas que tiveram recentemente o seu desenlace, a Turquia e Israel «normalizaram» as suas relações.
E a propósito da Turquia, cabe evocar aqui uma questão central da situação no Médio Oriente: a questão dos refugiados. A vaga actual de refugiados, para além de razões económicas, resulta em larga medida dos efeitos devastadores e das ondas de choque das guerras de agressão promovidas pela NATO no Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na Síria. A resposta à vaga dos refugiados não tem sido política, procurando dar resposta às causas profundas do problema, mas sim militar. E aqui o aparelho da NATO tem sido o instrumento fundamental. E, numa atitude de incomensurável cinismo, que não podemos deixar de condenar, países europeus em larga medida responsáveis pela criação da vaga de refugiados recusam-se a recebê-los na Europa e pagam à Turquia para os manter bem longe, encerrados em verdadeiros campos de concentração.
Toda a história do Estado de Israel é uma história de agressão, expulsão e espoliação do povo palestino. Israel exerce uma ocupação brutal sobre os palestinos da Margem Ocidental, ocupada em 1967, e mantém a população de Gaza encerrada na maior prisão a céu aberto do mundo. Nega aos palestinos que são cidadãos de Israel a plenitude de direitos, que neste pretenso estado democrático é reservada aos judeus. Continua a negar ao povo palestino o direito à constituição do seu Estado independente, com Jerusalém-Leste como capital, conforme prescreve o Direito internacional.
E quero recordar que precisamente hoje, 8 de Julho, se assinala o segundo aniversário do início do brutal ataque de Israel a Gaza, que durou 50 dias e em que foram mortos cerca de 1500 civis, mais de 500 dos quais eram crianças.
A verdadeira natureza da NATO, belicista e contrária à liberdade dos povos, é posta a nu pela estreita colaboração com o regime sionista de Israel.
A Associação de Israel às estruturas da NATO não pode ser desligada dos planos das grandes potências em relação à Síria e visando a desestabilização de todo o Médio Oriente. Torna-se também mais claro que o eixo NATO – Israel – Arábia Saudita constitui o causador das guerras de desestabilização na região. E a história recente mostrou que todas as aventuras militares levadas a cabo na região, servindo antigos e inconfessados planos de recolonização e controle das riquezas naturais, reforçaram Israel e criaram sempre mais dificuldades à luta do povo palestino.
O MPPM sublinha por isso a urgência de Portugal, através dos seus órgãos de soberania, e nas instâncias internacionais de que é membro, orientar a sua política externa pela obediência estrita ao que dispõe o artigo 7.º da Constituição da República Portuguesa:
- Abolição do imperialismo, do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração nas relações entre os povos
- Desarmamento geral, simultâneo e controlado
- Dissolução dos blocos político-militares
- Estabelecimento de um sistema de segurança colectiva, com vista à criação de uma ordem internacional capaz de assegurar a paz e a justiça nas relações entre os povos.
PELOS DIREITOS DOS REFUGIADOS!
PELA PAZ NO MÉDIO ORIENTE!
PELO FIM DA OCUPAÇÃO SIONISTA!
PELOS DIREITOS DO POVO PALESTINO!
SIM À PAZ! NÃO À NATO!
Print Friendly, PDF & Email
Share