Instância suprema da OLP inicia amanhã importante sessão em Ramala

O Conselho Nacional Palestino iniciará amanhã, 30 de Abril, em Ramala, uma importante sessão. Órgão supremo da Organização de Libertação da Palestina, o CNP é composto por 740 membros e representa os palestinos da Palestina e da diáspora.
A importância desta reunião do CNP é realçada pelo facto de a última reunião ordinária ter ocorrido há mais de 20 anos (1996), tendo havido uma reunião extraordinária há nove anos (2009) para substituir membros entretanto falecidos do Comité Executivo da OLP.
A decisão de convocar o CNP foi tomada pelo Conselho Central da OLP, o segundo órgão mais importante na estrutura da organização, reunido em Ramala em 14 e 15 de Janeiro último para analisar as novas condições políticas criadas pela decisão dos Estados Unidos da América de reconhecer Jerusalém co capital de Israel e de transferir para aí a sua embaixada, acto que atesta a sua aliança estratégica com Israel e desmascara o seu pretenso papel de mediador imparcial, assinando ao mesmo tempo o atestado de óbito do «processo de paz» decorrente dos Acordos de Oslo de 1993.
Este órgão dirigente da OLP decidiu rejeitar a decisão estado-unidense, suspender o reconhecimento de Israel e cessar a cooperação entre a Autoridade Palestina e Israel, incluindo em matéria de segurança, afastar-se da situação de dependência económica de Israel e prosseguir os esforços no sentido de um Estado palestino nas fronteiras de 4 de Junho de 1967 e com capital em Jerusalém Oriental, exigência reafirmada por Mahmoud Abbas no seu discurso de 20 de Fevereiro de 2018 no Conselho de Segurança da ONU.
É toda a estratégia e modos de acção da OLP na nova situação que deverá estar em cima da mesa nas deliberações do CNP.
Seria desejável que esta nova fase fosse enfrentada numa perspectiva de unidade do povo e das correntes políticas palestinas. Infelizmente, não é assim.
O processo de negociações encetado entre a Fatah, partido dirigente da Autoridade Palestina, e o Hamas, dominante na Faixa de Gaza, e que deveria conduzir a uma reconciliação das facções desavindas há mais de dez anos, desembocou em recriminações mútuas e num endurecimento das condições de vida da já martirizada população de Gaza.
Também foi contestada por diversas vozes a realização da reunião na Cisjordânia ocupada, cujo acesso é controlado por Israel, impedindo assim a livre participação de muitos membros.
É o que dizem mais de cem membros do CNP numa carta dirigida ao seu presidente, Salim Al-Zanoun.
A Jihad Islâmica e o Hamas, que actualmente não são membros da OLP mas cuja participação poderia contribuir para a sua afirmação como único representante legítimo do povo palestino, já anunciaram que não vão participar. Também decidiu não participar a Frente Popular para a Libertação da Palestina, fundadora e segunda força mais importante da OLP, a seguir à Fatah. A FPLP, rejeitando participar em reuniões e processos alternativos à OLP, sublinha ao mesmo tempo a necessidade de reconstruir a OLP com base na inclusão, na democracia e no compromisso com a resistência.
Incumbe ao Conselho Nacional Palestino, em vésperas do 70.º aniversário da Nakba e da formação do Estado sionista, a pesada responsabilidade de definir os caminhos da luta contra a ocupação, a repressão e a colonização israelitas, pelos legítimos direitos nacionais do povo palestino.
É muito grande a expectativa dos amigos da causa palestina. Constitui um factor de esperança o facto de a reunião do CNP se realizar no momento em que o povo palestino reafirma a sua combatividade e leva a cabo as maiores acções de massas dos últimos anos, as manifestações pacíficas da Grande Marcha do Retorno.

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