Há 70 anos o massacre de Deir Yassin, prenúncio da limpeza étnica que ainda prossegue

Na madrugada de 9 de Abril de 1948, a aldeia palestina de Deir Yassin, com cerca de 750 habitantes, foi atacada por comandos das organizações terroristas sionistas Irgun e Lehi, também conhecida por Stern Gang.
Ao invadirem a aldeia, os soldados judeus varreram as casas com tiros de metralhadora, matando muitos dos habitantes. Os aldeões restantes foram então reunidos e assassinados a sangue frio; algumas mulheres foram violadas e depois mortas. Ao meio-dia, tinham já sido sistematicamente assassinadas mais de 100 pessoas, metade delas mulheres e crianças.
Deir Yassin ficava fora da área que o plano de partilha das Nações Unidas, aprovado em 1947, destinava ao futuro Estado judaico, e a aldeia tinha um acordo de paz com a Hagana, as forças armadas oficiais do movimento sionista.
Mas isso de nada lhe valeu. A direcção sionista tinha desde há muito decidido efectuar uma limpeza étnica dos palestinos, intenção pormenorizada no chamado Plano Dalet. Uma das primeiras concretizações desse plano foi a Operação Nachson, destinada a «limpar» a estrada entre Tel Aviv e Jerusalém, e o massacre de Deir Yassin fez parte dessa operação.
Na altura, os dirigentes judeus não só não ocultaram o crime como orgulhosamente anunciaram um grande número de vítimas, de modo a semear o terror e fazer de Deir Yassin uma advertência a todos os palestinos de que um destino semelhante os esperava se eles se recusassem a abandonar os seus lares e fugir.
Das cerca de 144 casas, 10 foram dinamitadas. O cemitério foi posteriormente demolido e, como centenas de outras aldeias palestinas, Deir Yassin foi varrida do mapa.
O massacre de Deir Yassin ocorreu várias semanas antes do fim do mandato britânico, marcado para 15 de Maio de 1948. Contrariando o mito, posteriormente fabricado, de que a limpeza étnica efectuada pelos sionistas ocorreu em reacção à «invasão» dos exércitos árabes após a proclamação do Estado de Israel, cerca de 250 000 palestinos foram expulsos das casas e das suas terras entre Janeiro e Maio de 1948.
O massacre de Deir Yassin é um dos acontecimentos mais significativos da história palestina do século XX, não só devido à sua dimensão e brutalidade, mas sobretudo por ser o prenúncio da destruição programada de mais de 400 aldeias e cidades árabes e da expulsão de mais de 700 000 palestinos.
Setenta anos depois da Nakba, a catástrofe que constituiu a expulsão dos palestinos, Israel prossegue os massacres, como ainda agora na Faixa de Gaza, e a sistemática limpeza étnica dos palestinos e continua a negar-lhes o direito a um Estado livre e independente na sua pátria.

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