Greve geral na Palestina contra visita do Vice-Presidente Mike Pence
Os palestinos da Margem Ocidental e de Jerusalém Oriental ocupadas e da Faixa de Gaza realizaram ontem uma greve geral, protestando contra a visita a Israel do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e a decisão do seu governo de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
A greve paralisou todos os sectores dos territórios palestinos ocupados, com excepção da educação e da saúde. Lojas, empresas e restaurantes em toda a Margem Ocidental ocupada fecharam, e estradas habitualmente movimentadas ocupadas estavam anormalmente vazias.
Dezenas de jovens palestinos fecharam a estrada que liga Ramala ao Norte da Margem Ocidental e queimaram pneus.
Registou-se forte presença das forças repressivas israelitas em torno de Jerusalém, com bloqueio das principais estradas que conduziam à Cidade Velha, enquanto Pence visitava o Muro das Lamentações, que se encontra em território de Jerusalém Oriental, ocupada por Israel desde 1967.
A maioria dos partidos, organizações, ONGs e sindicatos palestinos emitiram declarações criticando as declarações de Pence, que reafirmou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, anunciado pelo presidente Donald Trump em 6 de Dezembro passado.
As organizações palestinas acusaram os EUA de ajudar Israel a «forjar» a história da cidade santa e a «roubar a história da Palestina», com total desrespeito pelas resoluções internacionais sobre Jerusalém e a Palestina.
Criticaram também a tíbia posição oficial árabe relativamente aos EUA e à agressão israelita contra Jerusalém e a visita de Pence ao Muro das Lamentações.
Os partidos palestinos apelaram para um «dia de raiva» nos territórios palestinos ocupados, a realizar na próxima sexta-feira.
O vice-presidente Mike Pence reafirmou a decisão de Trump sobre Jerusalém no seu discurso no Knesset (parlamento de Israel). Numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, Pence declarou que a embaixada dos EUA em Israel seria transferida para Jerusalém «antes do final do próximo ano».
O discurso do cristão evangélico Pence, recheado de referências bíblicas, foi louvado pela direita israelita, ao passo que os palestinos o viram como a confirmação dos seus piores receios.
Recorde-se que a decisão dos EUA viola causa numerosas resoluções da ONU, nomeadamente a Resolução 2334 do Conselho de Segurança, de 2016, que menciona Jerusalém Oriental como «território palestino ocupado», e a Resolução 478 do Conselho de Segurança, de Agosto de 1980, que apelou aos Estados membros para que retirassem as suas missões diplomáticas de Jerusalém.
Quarta, 24 Janeiro, 2018 - 00:00