Governo golpista da Bolívia reata relações diplomáticas com Israel

O governo golpista da Bolívia anunciou esta quinta-feira que o país vai renovar os laços diplomáticos com Israel, após uma década de ruptura.

Em declarações à imprensa estrangeira citadas pelo jornal Haaretz, a ministra dos Negócios Estrangeiros do governo golpista formado após o derrubamento de Evo Morales disse que os laços diplomáticos serão retomados «por respeito pela soberania do Estado, cordialidade e para que as relações podem levar a aspectos positivos para ambos os lados».

Este anúncio, enquadrado na reformulação da política externa do país andino pelo autodenominado «governo de transição», surge dois dias depois de  nomear o primeiro embaixador nos Estados Unidos desde 2008.

A decisão foi saudada pelo ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Yisrael Katz, numa declaração de lapidar clareza: «A renúncia [ou seja, o derrubamento] do presidente Morales, que era hostil a Israel, e a sua substituição por um governo amigável permitiram que o processo se concretizasse.»

O governo de Evo Morales cortou relações diplomáticas com Tel Aviv em 2009, na sequência da agressão de Israel contra a Faixa de Gaza (Operação Chumbo Fundido), que matou pelo menos 1383 palestinos, incluindo 333 crianças. Na altura, Evo Morales anunciou que ia pedir ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que acusasse de genocídio as autoridades israelitas.

Em 2010, o Presidente Evo Morales reconheceu formalmente a Palestina como um Estado independente e soberano dentro das fronteiras de 1967. Nesse ano, também o Brasil e a Argentina reconheceram a Palestina como Estado independente.

Nos últimos anos, em linha com a política radicalmente pró-sionista do governo de Donald Trump, a viragem à direita em vários países latino-americanos tem sido acompanhada por uma aproximação com Israel.

Disso são exemplo a visita a Israel do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, logo no início do seu mandato; o reconhecimento pelas Honduras, em Agosto deste ano, de Jerusalém como capital de Israel, seguindo fielmente na esteira de Washington; e a abertura da embaixada da Guatemala em Jerusalém, apenas dois dias depois da ilegal abertura da embaixada dos EUA nessa cidade.

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