Genocídio no Jornalismo: Gaza mais mortífera que todas as guerras do século XX juntas
De acordo com um estudo da Brown University, a guerra em Gaza matou mais jornalistas desde 7 de Outubro de 2023 do que a Guerra Civil Americana, as Primeira e Segunda Guerras Mundiais, a Guerra da Coreia, a Guerra do Vietname (incluindo os conflitos no Camboja e no Laos), as guerras na Jugoslávia nas décadas de 1990 e 2000 e a guerra no Afeganistão após o 11 de Setembro, todas juntas.
«Ao ritmo em que os jornalistas estão a ser mortos em Gaza pelo exército israelita, em breve não haverá mais ninguém para manter o mundo informado», alertou Thibaut Bruttin, director-geral da organização Repórteres Sem Fronteiras, na apresentação da campanha de protesto mundial que organiza juntamente com a Avaaz e que une, nesta segunda-feira, 1 de Setembro, mais de 270 meios de comunicação de 70 países para denunciar o assassinato de jornalistas pelo exército israelita na Faixa de Gaza, exigir o fim da impunidade dos crimes cometidos contra repórteres e apelar à evacuação de emergência dos jornalistas palestinos que o desejarem e à abertura de um acesso independente para a imprensa internacional na Faixa de Gaza.
Mais de 270 jornalistas e profissionais da comunicação social foram mortos por ataques israelitas em Gaza em 22 meses de guerra – ou cerca de 13 jornalistas por mês –, de acordo com uma contagem do Shireen.ps, um site de monitorização com o nome da jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, que foi baleada e morta pelas forças israelitas na Cisjordânia ocupada em 2022.
A Al Jazeera considera que os jornalistas estão a ser vítimas de assassinatos selectivos o que lhes confere o estatuto de crimes de guerra.
No dia 25 de Agosto, Israel atacou o Hospital Nasser, em Khan Yunis, matando pelo menos 21 pessoas, incluindo cinco jornalistas, além de médicos e socorristas, no mais recente ataque deliberado contra civis e o sistema de saúde devastado do enclave sitiado.
Segundo a Al Jazeera, este ataque, que matou o jornalista da Reuters Hossam al-Masri, o operador de imagem da Al Jazeera Mohammed Salameh, a jornalista Maryam Abu Deqqa, que trabalhava com vários meios de comunicação, incluindo o Independent Arabia e a AP, e o jornalista da NBC News Moaz Abu Taha, foi um dos mais mortíferos de uma série de ataques israelitas que tiveram como alvo hospitais e profissionais da comunicação social ao longo de quase dois anos de agressão genocida.
O Sindicato dos Jornalistas Palestinos (SJP) afirmou que este crime hediondo representa uma escalada perigosa no ataque directo e deliberado a jornalistas palestinos e confirma que a ocupação está a travar uma guerra aberta contra a imprensa livre, com o objectivo de aterrorizar os jornalistas e os impedir de cumprir a sua missão profissional de expor os seus crimes ao mundo.
O SJP apelou à comunidade internacional, às Nações Unidas e à Federação Internacional de Jornalistas para que passassem da condenação verbal à tomada de medidas práticas e dissuasivas para pôr fim à máquina de morte sistemática contra jornalistas em Gaza.
Foto: Cerimónia fúnebre no pátio do Hospital Nasser em Khan Yunis para os jornalistas mortos num ataque israelita ao hospital em 25 de Agosto de 2025. [Abed Rahim Khatib – Agência Anadolu]