Genocídio na Saúde: 94% dos hospitais destruídos ou danificados

As vítimas do genocídio do povo palestino que Israel está a praticar não são apenas as atingidas directamente pelos bombardeamentos e assassinatos selectivos: um número incontável de vítimas irá perecer ou sofrer malformações a curto, médio e longo prazo devido a desnutrição, epidemias ou falta de cuidados de saúde adequados.

O mais recente relatório da Organização Mundial de Saúde, relativo ao período de 7 de Outubro de 2023 a 21 de Agosto de 2025, indica que apenas metade dos hospitais de Gaza (18 em 36) estão parcialmente funcionais. Nenhum dos 10 hospitais de campanha está totalmente operacional e só estão funcionais pouco mais de um terço das unidades de cuidados primários de saúde (65 em 168).

O sistema de saúde de Gaza foi alvo de 772 ataques que causaram 924 mortos e 1465 feridos. Foram atacadas 125 unidades de saúde incluindo 34 hospitais.

Neste período foram internados 694 pacientes com desnutrição aguda grave com complicações. Há um número crescente de crianças gravemente desnutridas desde o início do bloqueio de ajuda humanitária que já dura mais de 80 dias. Entre 1 de Janeiro e 20 de Agosto de 2025, mais de 35.430 crianças com idades entre 6 e 59 meses foram tratadas por desnutrição aguda, havendo a registar mais de 200 mortes relacionadas com causas associadas à desnutrição. Para acorrer a estas situações há apenas cinco Centros de Estabilização de Desnutrição Aguda Grave com 43 camas.

Os portadores de doenças crónicas são especialmente vulneráveis à falta de medicação e de cuidados médicos adequados. A OMS regista a cada ano 2000 pessoas diagnosticadas com cancro, incluindo 122 crianças; há 45.000 pacientes com doenças cardiovasculares; 1100 pacientes dependem de hemodiálise; 225.000 pessoas têm pressão arterial elevada; 71.000 pessoas têm glicemia elevada e 485.000 pessoas sofrem de transtornos de saúde mental.

A falta de cuidados de saúde reprodutiva, materna, neonatal e infantil compromete o desenvolvimento da próxima geração. Há 50.000 mulheres grávidas das quais 5500 têm parto previsto para o próximo mês, incluindo 1400 que vão necessitar de cesariana. Mais de 500.000 mulheres em idade reprodutiva não têm acesso a serviços essenciais, incluindo cuidados pré-natais, cuidados pós-parto, planeamento familiar e gestão de infecções sexualmente transmissíveis.

Persistem as ameaças de doenças infecciosas, impulsionadas pela sobrelotação, más condições de água, saneamento e higiene e imunidade enfraquecida devido à desnutrição. As infecções respiratórias agudas e diarreia aquosa aguda são as situações mais frequentes, mas foram também notificados casos suspeitos de meningite e de síndrome de Guillain-Barré.

A OMS alerta que a escalada do conflito corre o risco de fechar 11 dos 18 hospitais parcialmente funcionais na Faixa de Gaza. Os principais hospitais estão a funcionar muito acima da sua capacidade, com a ocupação de camas a atingir 300% no Al-Ahli. Os stocks de suprimentos médicos essenciais continuam criticamente baixos, com stock zero para 52% dos medicamentos essenciais e 68% dos descartáveis médicos. A escassez de sangue e produtos sanguíneos continua.

Israel continua a recusar a entrada de profissionais de saúde internacionais essenciais, incluindo cirurgiões e outro pessoal médico especializado.


Foto: Hospital Al-Shifa, Norte de Gaza (Médicos Sem Fronteiras)

Sábado, 06 de Setembro de 2025 - 18:07