Forças israelitas matam estudante palestino a caminho da escola, em Jenin
Mahmoud al-Saadi, um estudante do ensino secundário palestino, de 17 anos, foi morto a tiro enquanto se encontrava a caminho da escola, durante uma rusga das forças israelitas à cidade ocupada de Jenin, no norte da Cisjordânia, na madrugada da passada segunda-feira.
Mahmoud al-Saadi era um dos melhores alunos da Escola Secundária Farhat Hashad em Jenin e foi morto perto do local onde a jornalista Shireen Abu Akleh da Al Jazeera foi assassinada a tiro a 11 de Maio enquanto cobria uma rusga do exército israelita no campo de refugiados de Jenin.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestino descreveu o assassinato como uma "execução no terreno" e um "crime hediondo", acrescentando que faz «parte da série diária de assassinatos contra o nosso povo, com cobertura e aprovação a nível político israelita».
Afirmou que considera o «governo israelita plena e directamente responsável por este crime», e apelou «à comunidade internacional para proporcionar protecção internacional ao nosso povo».
Dezenas de jipes blindados israelitas atacaram Jenin e o seu campo de refugiados na segunda-feira, pouco antes das 8 da manhã. A rusga durou cerca de uma hora.
Pelo menos quatro outros palestinos foram feridos após terem sido baleados, segundo o ministério e os jornalistas locais.
As forças israelitas têm levado a cabo incursões quase diárias, detenções e assassínios nas cidades do norte da Cisjordânia de Jenin e Nablus, onde a resistência armada palestina está a crescer.
Este ano marca o maior número de palestinos mortos por Israel na Cisjordânia desde 2006.
Desde o início de 2022, as forças israelitas já mataram pelo menos 199 palestinos, incluindo 47 crianças, na Cisjordânia, em Jerusalém Oriental ocupada e na Faixa de Gaza.
Cerca de 8900 outros foram feridos pelo exército israelita este ano até 7 de Novembro, só na Cisjordânia, informou a ONU.
Pelo menos 25 pessoas em Israel também foram mortas este ano em ataques palestinos.
The Freedom Theatre em choque com o assassinato de Mahmoud al-Saadi
The Freedom Theatre, no campo de refugiados de Jenin, onde Mahmoud al-Saadi era formador de jovens, emitiu a seguinte declaração:
«Nas primeiras horas da manhã de hoje, Mahmoud Al-Saadi, de 17 anos, foi baleado e assassinado pelo exército israelita.
Mahmoud fazia parte da família do The Freedom Theatre. Formador hábil e apaixonado pelo nosso Programa Infantil e Juvenil, trouxe o seu carácter único para este trabalho, trazendo esperança e uma nova forma de ver o mundo aos jovens. Mahmoud tinha um futuro promissor à sua frente, e estávamos entusiasmados por ver onde o seu trabalho no teatro o levaria.
Estamos em choque com o seu assassinato, numa situação que é demasiado familiar. Quando outra família do Campo de Refugiados de Jenin enterra o seu filho, resta-nos perguntar de novo, quando é que estes crimes vão acabar?
The Freedom Theatre, Campo de Refugiados de Jenin, Palestina»
Para o produtor Mustafa Sheta, «Nas ruas do Campo de Jenin, na estrada que conduz ao The Freedom Theatre, haverá um pesado silêncio na ausência de Mahmoud e do que esta perda deixará».
Ranin Odeh, Coordenador de Crianças e do Jovens, escreveu no Facebook: «O rapaz com o coração dourado desapareceu. (…) Tu és um homem com um grande coração e uma criança cheia de carinho. És um amigo doce, maroto, inocente, calmo, trabalhador, forte e respeitador. Que Deus esteja contigo Mahmoud. Agradeço-te por teres passado pela minha vida e por seres meu aluno. Estou orgulhoso de ti e sempre recordarei o teu bondoso coração.»