Filho de Netanyahu recolhe fundos para triplo assassino de família palestina
Horas depois de o colono judeu Amiram Ben Uliel ter sido condenado, na passada segunda-feira, a três penas de prisão perpétua mais 20 anos pelo triplo assassinato de uma família palestina, Yair Netanyahu, o filho do primeiro-ministro de Israel, criticou violentamente a condenação e endossou a ligação para uma página de financiamento do apoio jurídico a Ben Uliel.
Ben Uliel matou três membros da família Dawabsha na aldeia palestina de Duma, perto de Nablus, pegando fogo à casa da família, na noite de 30 de Julho de 2015. O ataque incendiário matou imediatamente o bebé Ali Dawabsheh, de 18 meses de idade. A sua mãe, Riham, e o seu pai, Saad, morreram mais tarde em consequência dos ferimentos. O outro filho do casal, Ahmad, de quatro anos, sobreviveu com terríveis queimaduras e cicatrizes.
Yair Netanyahu apoiou no Tweeter uma recolha de fundos para o Honenu, um grupo de assistência jurídica de extrema-direita que oferece apoio ao que eles chamam «soldados e civis que se encontram com problemas legais por se defenderem da agressão árabe ou devido ao seu amor por Israel».
A iniciativa de Yair Netanyahu, que acompanhava o pai em Washington para a assinatura dos acordos de «normalização» entre Israel e os Emirados Árabes Unidos e o Barém, causou indignação e foi apelidada de «surreal».
Em resposta às críticas, Yair disse que a condenação era vergonhosa e faltavam provas, acrescentando que as confissões de Ben Uliel foram obtidas pelos serviços de segurança israelitas através de «tortura física da forma mais medieval que se possa imaginar».
A família Dawabsha receberá uma compensação por cada membro da família morto, bem como uma compensação adicional pela tentativa de homicídio de Ahmed.
Nasser Dawabsha, tio de Ahmed, disse que estava satisfeito com a decisão do tribunal, mas que chegou demasiado tarde para a sua família. Nenhuma decisão poderia restaurar as perdas e dificuldades que a família tinha sofrido desde a noite do incêndio na aldeia de Duma, no norte da Cisjordânia.
«Gostaríamos que esta decisão pudesse ter chegado antes do crime - que o governo israelita tivesse agido desde o início. Que não tivessem permitido que os colonos viessem e agissem com a sua protecção», disse Nasser.
Os ataques dos colonos judeus à integridade física e aos bens dos palestinos são uma constante e contam com a complacência das autoridades israelitas. Segundo a OCHA-OPT, a agência da ONU que coordena os assuntos humanitários na Palestina, desde o início de 2017 até agora registaram-se 2569 ataques de colonos que causaram 6 mortos e 406 feridos palestinos, a destruição de 27 113 árvores e a vandalização de 1554 viaturas.
Foto: Saad e Riham Dawabsha com o bebé Ali