Fatah inicia 7.ª Conferência na próxima terça-feira

A 7.ª Conferência Geral da Fatah terá início na próxima terça-feira, 29 de Novembro (Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino), na cidade de Ramalah, na Margem Ocidental ocupada.
Trata-se de um acontecimento de grande importância política na vida da Palestina, já que a Fatah é a maior facção da Organização de Libertação da Palestina. O líder da Fatah, Mahmoud Abbas, é simultaneamente presidente da OLP e da Autoridade Nacional Palestina, formada na sequência dos Acordos de Oslo. A Fatah ocupa uma posição hegemónica tanto na própria OLP como nas estruturas administrativas e de segurança da ANP, ao ponto de por vezes se poder afirmar a existência de confusão entre as três instâncias.
Esta Conferência realiza-se sete anos depois da anterior (Belém, Agosto de 2009; a primeira realizada em solo palestino) e tem lugar num momento difícil da vida palestina. O «processo de paz» previsto pelos Acordos de Oslo, que deveria conduzir a um Estado palestino independente, encontra-se num beco sem saída. A chamada «comunidade internacional», apesar dos protestos formais que de vez em quando faz ouvir, continua uma política de cumplicidade mais velada ou mais aberta com Israel e recusa-se a assumir as suas responsabilidades de obrigar o Estado sionista a cumprir as suas obrigações à luz do direito internacional. A recente eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, o principal apoio de Israel na cena internacional, veio acrescentar um novo elemento de incerteza. Israel mantém a ocupação dos territórios palestinos ocupados desde 1967, incluindo o bloqueio total(desde 2007) da Faixa de Gaza, e intensifica a colonização na Margem Ocidental e em Jerusalém Oriental, num movimento que anuncia a anexação pelo menos da Área C dos territórios palestinos ocupados, a maior e mais rica em recursos naturais, nomeadamente água. A direcção palestina está confrontada, a prazo mais ou menos curto, com opções de fundo quanto à via a tomar para fazer vingar os direitos nacionais do povo palestino.
Outra questão de primeira importância é a de refazer a unidade do movimento nacional palestino, gravemente dividido, designadamente pela oposição entre a Fatah e o Hamas, e insuflar nova vida na OLP como representante de todo o povo palestino, congregando todas as facções na luta contra a ocupação e por um Estado palestino viável e com capital em Jerusalém Oriental.
Os mais de 1500 delegados terão a responsabilidade de eleger a nova direcção da Fatah (Conselho Revolucionário, com 125 membros, e Comité Central, com 22, entre outros) e de aprovar uma plataforma política e um plano de acção. É previsível uma renovação etária, já que os actuais membros dos órgãos dirigentes pertencem a uma geração mais velha que regressou à Palestina depois dos Acordos de Oslo. Uma questão ainda em aberto é a de saber se Mahmoud Abbas, actualmente com 81 anos, conservará os três postos dirigentes que actualmente ocupa (Fatah, OLP, ANP) ou será substituído em algum ou alguns deles. Segundo notícias surgidas na comunicação social, vários países árabes (Egipto,
Arábia Saudita, Jordânia e Emiratos Árabes Unidos) são favoráveis à substituição de Abbas por Mohammed Dahlan, ex-dirigente da Fatah expulso em 2011. Partidários de Dahlan terão organizado reuniões com vista à realização da 7.ª Conferência e sido presos pela ANP.
A Fatah foi criada em 1954 por Yasser Arafat (Abu Ammar) e por Khalil al-Wazir (Abu Jihad), este assassinado em Tunis, em 1986, por comandos israelitas, aquele falecido em Paris, em 2004, segundo se crê na sequência de envenenamento por parte dos serviços secretos israelitas. A Fatah realizou a sua 1.ª Conferência no Koweit em 1962 e tem sido a força dirigente da OLP desde 1964. A Conferência Geral é um dos acontecimentos mais importantes da sua vida interna.
 
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