Faleceu Mário Pádua, militante antifascista e activista pela paz e solidariedade entre os povos

Faleceu ontem, 22 de Setembro, com 87 anos de idade, Mário Moutinho de Pádua. Foi membro fundador do MPPM e integrou a sua primeira Comissão Executiva, entre 2008 e 2010. Médico de formação, foi activo na denúncia da guerra colonial e no combate ao regime fascista, mas também na construção do Portugal saído da Revolução dos Cravos, e na luta pela Paz e pela Solidariedade entre os povos.

Quando foi fundado o MPPM, Mário Pádua esteve na primeira linha de acção para ajudar a jovem associação a consolidar o seu caminho. Dotado de um grande sentido humanista e espírito de solidariedade, com total capacidade de entrega, disponibilizava-se para qualquer actividade privilegiando o sucesso colectivo, rejeitando qualquer evidência individual. Quando deixou as funções executivas no MPPM, por entender que outras causas requeriam mais a sua presença, nunca deixou de responder aos apelos da Paz e da luta do povo palestino.

Mobilizado para a guerra colonial em 1961, o que viu levou-o a desertar e a denunciar em várias tribunas e diversas latitudes os crimes de guerra a que assistiu, ao mesmo tempo que prestava assistência humanitária a quem dela necessitava.

Regressado a Portugal após o 25 de Abril, com uma especialidade em Hematologia Clínica adquirida em Paris, exerceu medicina enquanto desenvolvia a sua acção cívica no apoio à Reforma Agrária.

Além do MPPM, Mário Pádua foi membro activo do CPPC – Conselho Português para a Paz e Cooperação, e da URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses.

Era militante do PCP desde 1959.

Mário Pádua deixa publicada uma obra extensa e variada, com destaque para o tema da guerra colonial, que trata em No Percurso das Guerras Coloniais 1961-1969 (2011), Angola, os Anos Dourados do Colonialismo – A Insurreição (2014) e Guerra em Angola – Diário de um Médico em Campanha (2021).

Em A Estrada de Mil Léguas (2002) reflecte sobre a sua militância política e em O Grande Conluio Contra a Reforma Agrária (2016) dá a conhecer o que considera ser «a mais bela conquista da Revolução». A acção política subjaz ao romance Manuel e a Sua Família (2018).

Mário Pádua fez uma incursão na literatura infantil, com As Aventuras de João e Rosa (2021), e na ficção científica, com O Futuro de Nash (2021). Publicou ainda uma extensa obra científica, em três volumes: Patologia Clínica para Técnicos (2009 a 2011).

O MPPM lamenta a perda de Mário Pádua e endereça à sua família os mais sentidos pêsames.


Na imagem: Mário Pádua na concentração «Parar a Guerra, Dar uma Oportunidade à Paz», Largo de Camões, 16/02/2023

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