Exército israelita ataca fiéis palestinos na Mesquita de Abraão em Hebron

As forças Israelitas atacaram ontem centenas de fiéis muçulmanos palestinos que se reuniram na Mesquita de Abraão (Al-Haram al-Ibrahimi), em Hebron, para protestar contra as ameaças israelitas de assumir o controlo do local sagrado.

Soldados israelitas dispararam bombas de gás lacrimogéneo e granadas de atordoamento contra os fiéis para os dispersar, causando muitos casos de asfixia pela inalação de gás.

Palestinos de Hebron e de cidades e vilas vizinhas convergiram para o local da mesquita em resposta a um apelo do Ministério dos Assuntos Religiosos para se oporem à construção, por Israel, de um acesso para serviço exclusivo dos colonos judeus.

Em Maio de 2020, o então ministro da Defesa israelita e actual primeiro-ministro, Naftali Bennett, emitiu uma ordem de expropriação para uma parte da Mesquita de Abraão para permitir a construção de um corredor e de um elevador para facilitar o acesso dos colonos à mesquita.

As obras de construção começaram no domingo, apesar das objecções palestinas.

Esta obra é vista pelos palestinos como uma tentativa de judaizar o local sagrado muçulmano e, em última instância, promover a sua apropriação pelas autoridades de ocupação israelitas.

A mesquita está localizada no coração da cidade velha de Hebron e é considerada o quarto local mais sagrado do Islão e o segundo na Palestina. Para os judeus, este é também o local do Túmulo dos Patriarcas.

A Mesquita de Abraão e a Cidade Velha de Hebron foram integradas pela UNESCO na lista do Património Mundial da Humanidade em 2017.

A Mesquita de Abraão foi palco, em 25 de Fevereiro de 1994, de um ataque terrorista perpetrado por um colono judeu, de origem norte-americana, que entrou no recinto no feriado judaico do Purim - que ocorreu durante o mês sagrado islâmico do Ramadão - e abriu fogo contra os muçulmanos palestinos que se haviam reunido para orar no local, matando 29 pessoas, incluindo crianças, e ferindo outros 150.

Em 1997, Israel e a OLP assinaram o protocolo de Hebron que dividiu a cidade em duas áreas: H1, que constitui cerca de 80% da sua área residencial, pela qual é responsável a Autoridade Palestina, e H2, que inclui a Mesquita de Abraão e a Cidade Velha, em que Israel detém todos os poderes e responsabilidades.

Cerca de 700 colonos vivem em cinco colonatos em Hebron e nas vizinhanças da Mesquita de Abraão, e estão em construção outros três colonatos, de acordo com fontes palestinas locais.

Residem permanentemente na Cidade Velha cerca de 400 colonos, além de 300 que estudam numa escola religiosa. Já os palestinos são cerca de 7000.

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