EuroMed Monitor: Israel matou três palestinos por dia desde o início do cessar-fogo em Gaza
Num comunicado agora divulgado, o Euro-Med Human Rights Monitor, uma organização de direitos humanos sediada em Genebra, revela que Israel matou 150 palestinos – uma média de três mortes por dia – desde o início do cessar-fogo em Gaza em 19 de Janeiro. A equipa de campo do Euro-Med Monitor documentou os ataques de franco-atiradores e drones israelitas desde que o cessar-fogo entrou em vigor, bem como a utilização continuada do bloqueio como arma de morte lenta pela fome no genocídio em curso na Faixa de Gaza.
Os assassinatos são levados a cabo por franco-atiradores, drones e aviões e têm como alvo civis palestinos na Faixa de Gaza. Os ataques mortais ocorrem frequentemente quando os residentes tentam regressar às suas casas danificadas perto da chamada “zona tampão” imposta por Israel ao longo das fronteiras norte e leste da Faixa. Mas os assassinatos ocorrem também quando as vítimas se encontram nas designadas «zonas seguras».
A província de Rafah – no Sul da Faixa de Gaza – foi a que mais ataques israelitas enfrentou desde o cessar-fogo, mas o Euro-Med Monitor também documentou assassinatos de palestinos em repetidos ataques ao bairro de Shuja'iyya, a leste da cidade de Gaza, e à cidade de Beit Hanoun, no Norte da Faixa de Gaza, desde o início de Março.
Desde o início do cessar-fogo, Israel matou 150 palestinos e feriu outros 605. Para o Euro-Med Monitor «este padrão sublinha o sistemático e contínuo ataque de Israel aos palestinos na Faixa de Gaza, levado a cabo sem qualquer justificação militar e em flagrante desrespeito pelo cessar-fogo e pelo direito internacional.»
O Euro-Med Monitor alerta para o agravamento da crise humanitária uma vez que Israel está a impedir a entrada de ajuda e de fornecimentos essenciais, ao mesmo tempo que bloqueia a reparação de infra-estruturas e serviços críticos necessários à sobrevivência. Além do espectro da fome, a subnutrição grave ameaça toda uma geração de crianças de «danos para a saúde a longo prazo e em incapacidades físicas e psicológicas potencialmente irreversíveis».
Para o Euro-Med Monitor «não se trata apenas de uma crise humanitária temporária, mas de uma política deliberada e sistemática destinada a erradicar gerações palestinas inteiras. Constitui um acto directo de genocídio, tal como definido na Convenção de 1948 para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, que proíbe explicitamente a criação de condições que conduzam à destruição de um grupo, no todo ou em parte.»
O Euro-Med Monitor insta a comunidade internacional a assumir as suas responsabilidades legais e a tomar medidas imediatas para pressionar Israel a pôr termo aos seus crimes contra os Palestinos e às suas sistemáticas e graves violações do direito internacional, designadamente impondo sanções económicas, diplomáticas e militares, incluindo a proibição do comércio de armas e da cooperação militar, bem como o congelamento dos bens financeiros dos funcionários envolvidos em crimes contra o povo palestino, bem como a suspensão de todos os privilégios comerciais e acordos bilaterais que proporcionem benefícios económicos a Israel.
A finalizar, o Euro-Med Monitor insta a comunidade internacional a fazer implementar as medidas cautelares para prevenção do genocídio decretadas pelo Tribunal Internacional de Justiça em 28 de Março de 2024 e insta o Tribunal Penal Internacional aacelerar as suas investigações e emitir mandados de captura contra os funcionários israelitas implicados em crimes internacionais na Faixa de Gaza, recordando aos Estados membros do Estatuto de Roma as suas obrigações legais de cooperar plenamente com o Tribunal, assegurar a execução dos mandados de detenção e impedir a impunidade dos responsáveis.
O Euro-Med Human Rights Monitor é uma organização independente, sem fins lucrativos, que defende os direitos humanos de todas as pessoas na Europa e na região do Médio Oriente e Norte de África, em particular as que vivem sob ocupação, em guerra ou em agitação política e/ou que foram deslocadas devido a perseguição ou conflito armado. O Euro-Med Monitor foi criado em Novembro de 2011 e tem a sua sede oficial na Suíça. O Conselho Directivo é presidido por Ramy Abdu. O Conselho de Administração é presidido por Richard Falk.