EUA fecham missão diplomática da OLP em Washington
O governo dos Estados Unidos anunciou hoje, 10 de Setembro, que ia fechar a delegação diplomática da Organização de Libertação da Palestina em Washington, existente desde 1994, após a assinatura do acordo de paz Oslo I com Israel (1993).
Trata-se de mais uma perigosa escalada do ataque dos EUA ao povo palestino e aos seus direitos nacionais, que só nos últimos tempos passou nomeadamente pela cessação total do financiamento à UNRWA,a agência da ONU de apoio aos refugiados palestinos, e pelo corte do financiamento destinado aos hospitais palestinos de Jerusalém.
Uma declaração do Departamento de Estado afirma que «a OLP não tomou medidas para avançar o início de negociações directas e significativas com Israel». A direcção da OLP, diz o Departamento de Estado, «condenou um plano de paz dos EUA que ainda não viu e recusou-se a interagir com o governo dos EUA em relação aos esforços de paz e outros assuntos».
Na realidade, a direcção palestina cortou o contacto com Washington depois de em Dezembro o presidente Donald Trump reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, quebrando décadas de política estado-unidense sobre o assunto e violando as resoluções da ONU. Os palestinos reclamam Jerusalém Oriental como capital do seu futuro Estado. Além disso, os EUA afastaram-se da solução de dois Estados, internacionalmente consensual; incentivam o avanço da colonização; cortaram inteiramente o financiamento à UNRWA e querem lquidá-la, fazendo assim «desaparecer» os refugiados palestinos e o seu direito ao retorno.
Como é patente, o «plano de paz» dos EUA, embora ainda não apresentado, está já a ser posto em prática, e consiste em os Estados Unidos aceitarem uma por uma todas as exigências do governo de extrema-direita de Israel.
O comunicado do Departamento de Estado acrescenta que a decisão «também está de acordo com as preocupações da Administração e do Congresso com as tentativas palestinas de impulsionar uma investigação de Israel pelo Tribunal Penal Internacional».
Isso mesmo é confirmado pelas declarações de hoje do conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, o «falcão» extremista John Bolton, segundo o qual o governo de Trump fechou a missão da OLP como «punição» por os palestinos pedirem que Israel seja investigado pelo Tribunal Penal Internacional.
A Palestina aderiu ao TPI em 2012 depois de obter o estatuto de observador nas Nações Unidas. Em Maio passado, a Autoridade Palestina apresentou um requerimento ao TPI pedindo-lhe que abrisse uma investigação sobre «a expansão de colonatos, espolição de terras, exploração ilegal de recursos naturais, bem como o alvejamento brutal e calculado de manifestantes desarmados, particularmente na Faixa de Gaza».
John Bolton criticou igualmente o facto de, apesar das duras críticas de Israel, o Estado da Palestina ter sido aceite como membro do TPI, contra o qual desferiu um violentíssimo ataque.
Saeb Erekat, o secretário-geral da OLP, em resposta à decisão de Washington, afirmou que se trata de «mais uma afirmação da política do governo Trump de punir colectivamente o povo palestino». Os EUA, disse Erekat, parecem «dispostos a desmantelar o sistema internacional para proteger os crimes e ataques israelitas contra a terra e o povo da Palestina». Exortou o TPI a «abrir a sua investigação imediata aos crimes israelitas».
Por seu lado, Husam Zomlot, chefe da missão da OLP em Washington, afirmou que o fecho se destinou a «proteger Israel da acusação de crimes de guerra e crimes contra a humanidade que está a cometer nos territórios palestinos ocupados».