Escritora palestino-americana Susan Abulhawa impedida de entrar em Israel e deportada
A escritora palestino-americana Susan Abulhawa foi detida ontem ao chegar ao aeroporto de Tel Aviv, com a intenção de participar num festival literário na Cisjordânia ocupada, e foi hoje deportada de regresso aos Estados Unidos.
Susan Abulhawa, autora nomeadamente do conhecido romance As Madrugadas em Jenin, deveria participar no Festival Palestino de Literatura, a ter lugar de 3 a 7 de Novembro.
Os serviços de fronteiras israelitas alegaram que a escritora deveria ter previamente obtido um visto, porque em 2015 lhe foi negada entrada na Palestina através da Ponte Allenby, controlada por Israel. Normalmente os cidadãos dos EUA estão isentos de visto para entrar em Israel.
Moradora em Filadélfia e pertencente a uma família que vive em Jerusalém há séculos, Susan Abulhawa apoia o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções), que se opõe à política israelita de colonização, repressão e discriminação contra o povo palestino, apelando ao boicote pelos cidadãos, ao desinvestimento pelas empresas e às sanções pelos Estados como forma de pressão sobre Israel.
Em 2017, o parlamento de Israel aprovou uma lei que autoriza as autoridades a proibirem a entrada em Israel — e também aos territórios palestinos ocupados, porque todas as suas fronteiras estão sob controlo israelita — a estrangeiros considerados activistas do BDS.
Desde a aprovação da lei, uma série de figuras destacadas que supostamente apoiam o BDS — além, provavelmente, de um número indefinido de anónimos — foram detidas ou impedidas de entrar no aeroporto internacional de Tel Aviv e nas passagens fronteiriças com a Jordânia.
Por exemplo, em Novembro de 2017, sete deputados e autarcas franceses que pretendiam viajar para Israel e a Palestina foram impedidos de entrar por causa da sua ligação, real ou alegada, ao movimento BDS.
Em Janeiro deste ano, o Ministério dos Assuntos Estratégicos de Israel publicou uma lista negra de 20 grupos internacionais cujos membros serão impedidos de entrar no país devido à sua ligação ao BDS.